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Os principais pontos de tensão que Joe Biden e Xi Jinping devem debater em aguardado encontro

Previsto para quarta-feira (15), o segundo encontro entre os presidentes dos EUA e China não acontece no melhor momento da relação bilateral.

14 nov 2023 - 05h30
(atualizado às 07h18)
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Os presidentes Xi Jinping e Joe Biden se encontraram pela última vez na cúpula do G20 em novembro de 2022
Os presidentes Xi Jinping e Joe Biden se encontraram pela última vez na cúpula do G20 em novembro de 2022
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, devem se reunir na quarta-feira (15) para o segundo encontro presencial dos dois desde o início do mandato de Biden.

Autoridades dos EUA disseram que a pauta será abrangente, incluindo assuntos como a guerra Israel-Hamas, a guerra na Ucrânia e a situação de Taiwan.

As relações entre os dois países deterioraram-se no início deste ano.

Os EUA acusaram a China de enviar um balão espião para o seu espaço aéreo. Um avião de guerra americano abateu-o na costa da Carolina do Sul.

No ano passado, houve também uma visita da então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan — o que levou a China a interromper a comunicação com os militares americanos.

Biden está "determinado" a restaurar esses canais, dizem autoridades americanas, mas a China parece "relutante" em fazê-lo.

"Esta não é a relação de cinco ou dez anos atrás. Não estamos falando de uma longa lista de resultados", disse uma fonte do governo americano.

"Os objetivos aqui [do encontro] são realmente gerenciar a competição e prevenir o lado negativo do risco - de conflito, e garantir que os canais de comunicação estejam abertos".

A reunião bilateral Biden-Xi acontecerá durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que acontece na cidade americana de San Francisco de 11 a 17 de novembro. Antes, eles haviam se encontrado em novembro do ano passado, na cúpula do G20.

É provável que Taiwan esteja no topo da lista de assuntos que a China terá interesse em discutir. O país reivindica soberania sobre a ilha autogovernada, que deverá realizar eleições no início do próximo ano.

Xi poderá pedir garantias adicionais de que os EUA não apoiam a independência de Taiwan. Enquanto isso, Biden deverá ressaltar as preocupações americanas sobre as atividades militares de Pequim em torno de Taiwan, de acordo com um alto funcionário do governo.

Haverá também discussões sobre as restrições dos EUA às exportações de tecnologia para a China e as reivindicações territoriais de Pequim nos mares do Sul da China e do Leste da China.

Para além destas divergências fundamentais sobre comércio e concorrência, o pedido mais urgente de Biden será que a China contenha o Irã — utilizando a influência que Pequim tem para alertar contra a escalada da violência no Oriente Médio em reação à guerra Israel-Hamas.

Os analistas prevêem que a cúpula poderá trazer conquistas modestas para a relação bilateral — talvez a restauração das comunicações militares e a restrição do fluxo de fentanil fabricado na China.

Mas nenhum dos lados espera quaisquer avanços que possam repaginar o relacionamento: trata-se de geri-lo e estabilizá-lo.

Balão abatido na costa americana; assunto abalou a relação China e EUA esse ano
Balão abatido na costa americana; assunto abalou a relação China e EUA esse ano
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Os chineses culpam Washington pela deterioração das relações.

Xi deixou isso claro em março, quando acusou os EUA de "cercar, conter e suprimir a China", lembra Jude Blanchett, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

E embora o embaixador da China nos EUA, Xie Feng, tenha recentemente exaltado medidas positivas que podem melhorar os laços, ele também sublinhou a importância das garantias.

Pequim quer se certificar "que os EUA não buscam mudar o sistema da China, não procuram uma nova Guerra Fria, não apoiam a independência de Taiwan e não têm intenção de procurar a dissociação da China", disse ele no Fórum de Hong Kong sobre as relações EUA-China.

O governo Biden diz que está a tentando se contrapor ao comportamento agressivo chinês que desrespeitaria as normas internacionais.

Mas a Casa Branca tem trabalhado arduamente para aliviar as tensões após a crise dos balões. Três membros do gabinete foram enviados para Pequim desde junho, incluindo o secretário de Estado, Antony Blinken.

Blinken havia cancelado abruptamente uma visita planejada em fevereiro, dizendo que a decisão da China de sobrevoar os EUA com o balão era "inaceitável e irresponsável".

Mas quando a viagem finalmente foi realizada, ele teve o que descreveu como "uma conversa substancial" com Xi. O encontro na cúpula de agora é resultado desta diplomacia.

Autoridades americanas dizem que os seus diplomatas têm citado a importância do restabelecimento do diálogo militar em "quase todas as conversas" com os chineses, mas ainda sem sucesso.

O incidente do balão espião "aparece com frequência" quando se discute o bloqueio das comunicações, disse uma autoridade.

Vários meios de comunicação dos EUA relataram que, após sua reunião com Biden, Xi participará de um jantar privado com executivos americanos em San Francisco.

Por US$ 40 mil (R$ 196 mil), os convidados podem sentar-se à mesa com o presidente chinês, segundo o jornal New York Times. Os ingressos custam a partir de US$ 2 mil (R$ 9,8 mil) por pessoa.

Um porta-voz do Comitê Nacional de Relações EUA-China, um dos organizadores do jantar, disse à BBC que há um evento planejado com uma autoridade chinesa "extremamente sênior", embora não tenha confirmado se era Xi.

Antes da reunião Xi-Biden, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, também manteve conversas sobre a cooperação econômica entre os dois países com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng.

Na véspera do encontro, o jornal estatal chinês Global Times escreveu um editorial que atribuía a Biden a responsabilidade de "superar e eliminar perturbações" entre a China e os EUA.

"Há uma força obscura em Washington que está minando as relações EUA-China, e quanto mais crítico o momento, mais ativos eles se tornam", disse o editorial de 8 de novembro.

*Colaboraram Robert Plummer, em Londres, e Brandon Drenon, em Washington.

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