Países defendem vacina da AstraZeneca após suspensão na África do Sul
Governos de países ocidentais se apressaram em defender a vacina contra Covid-19 da AstraZeneca depois que a África do Sul suspendeu sua aplicação porque pesquisas mostraram que o imunizante oferece uma proteção mínima contra casos leves de uma variante do coronavírus que predomina no país.
A chegada de vacinas criou a esperança de que os cientistas consigam domar uma pandemia que já matou 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo, mas se as vacinas forem menos eficazes contra novas variantes, podem precisar ser ajustadas e as pessoas podem precisar de vacinas de reforço.
A África do Sul anunciou a interrupção do uso da vacina depois que pesquisadores da Universidade de Witwatersrand e da Universidade de Oxford descobriram que o imunizante só proporcionou uma proteção mínima contra infecções amenas ou moderadas da variante B.1.351, que é forma dominante do vírus naquele país.
A pesquisa ainda não foi analisada pela comunidade científica e não fornece dados sobre pessoas mais velhas, as que correm mais risco de morrer ou precisar de hospitalização. Tampouco surgiram dados para mostrar se a vacina evitaria uma doença grave, e pesquisadores disseram que isto ainda é possível.
"Este estudo confirma que o coronavírus pandêmico encontrará meios para continuar a se disseminar em populações vacinadas, como esperado", disse Andrew Pollard, investigador-chefe do teste de vacina de Oxford.
"Mas, vistas com os resultados promissores de outros estudos da África do Sul com um vetor viral semelhante, as vacinas podem continuar a aliviar a carga nos sistemas de saúde evitando doenças graves".
O ministro da Saúde francês, Olivier Véran, externou seu apoio à vacina da AstraZeneca, argumentando que ela fornece proteção suficiente contra "quase todas as variantes" do vírus.
Já o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, disse que os indícios atuais indicam que todas as três vacinas aprovadas na Europa, entre elas a da AstraZeneca, fornecem proteção eficaz contra infecções graves.
Reino Unido e Austrália pediram calma, citando indícios de que as vacinas evitam doenças graves e mortes, e a AstraZeneca disse acreditar que sua vacina pode proteger contra doenças graves.
Uma análise de infecções da variante sul-africana mostrou que, mais de 14 dias após a inoculação com a vacina da AstraZeneca, só há um risco 22% menor de desenvolvimento de Covid-19 suave para moderada na comparação com a administração de um placebo.