Panamá anuncia revisão do sistema financeiro
Após o vazamento dos chamados Panama Papers, o presidente panamenho, Juan Carlos Varela, anunciou na noite desta quarta-feira (06/04) que o Ministério do Exterior do país irá estabelecer uma "comissão independente de especialistas nacionais e estrangeiros". O objetivo é avaliar as operações financeiras realizadas no país e "reforçar a transparência dos sistemas legal e financeiro".
"Somos um país sério, que respeita as leis internacionais e colabora com os esforços da comunidade internacional na busca de soluções para esse problema global", afirmou Varela em pronunciamento transmitido em rede nacional.
Governos de diversos países iniciaram investigações sobre possíveis práticas ilegais de políticos e personalidades que, supostamente, possuiriam contas em paraísos fiscais, após o vazamento de mais de 11,5 milhões de documentos do escritório panamenho de consultoria e advocacia Mossack Fonseca.
Os Panama Papers revelaram negociações financeiras offshore envolvendo figuras como amigos do presidente russo, Vladimir Putin, familiares do premiê britânico, David Cameron, e do presidente da China, Xi Jinping, além do líder ucraniano, Petro Poroshenko.
"País não cooperativo"
O Panamá enfrenta agora fortes críticas de líderes mundiais e organizações internacionais. O secretário-geral da Organização Internacional para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), Ángel Gurría, afirmou que o país seria o "último grande reduto" que ainda permite que os fundos "sejam escondidos das autoridades tributárias".
A França informou que voltou a incluir o Panamá em sua lista de países "não cooperativos". Gian Castillero, conselheiro do governo panamenho, afirmou que a decisão de Paris teria sido "emocional" e pediu que outros países não façam o mesmo. No entanto, Castillero admitiu que o vazamento de dados feriu a reputação do país, cuja economia se baseia em grande parte no setor de serviços (83%).
Castillero disse que o governo ainda está decidindo quem fará parte da comissão independente, que, segundo ele, terá seis meses para apresentar um relatório. Ele ainda ressaltou que não há provas de que a Mossack Fonseca tenha agido de forma ilegal, e assegurou que o fato de Ramón Fonseca Mora – um dos sócios do escritório de advocacia – ser amigo pessoal do presidente não deverá influenciar futuras decisões do governo sobre a firma.
RC/rtr/dpa