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Papa revela inspiração em líder muçulmano para fazer encíclica

Texto tem várias citações do grande imã Ahmad Al-Tayyeb

4 out 2020 - 09h44
(atualizado às 09h47)
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O papa Francisco disse que se inspirou em um dos principais clérigos muçulmanos do mundo, o imã Ahmad Al-Tayyeb, ao escrever sua nova encíclica, a "Fratelli Tutti" ("Todos Irmãos" em italiano).

Papa Francisco com o imã Ahmad Al-Tayyeb, em novembro de 2019, no Vaticano
Papa Francisco com o imã Ahmad Al-Tayyeb, em novembro de 2019, no Vaticano
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Al-Tayyeb é o grande imã da Mesquita de Al-Azhar e reitor da universidade de mesmo nome, situadas no Cairo, capital do Egito.

Francisco já se encontrou com o líder sunita em diversas ocasiões e assinou com ele, em 2019, um documento sobre a fraternidade humana, um dos temas de sua nova encíclica.

"Se na redação da Laudato si' [sua segunda encíclica] tive uma fonte de inspiração no meu irmão Bartolomeu, o patriarca ortodoxo que propunha com grande vigor o cuidado da criação, agora senti-me especialmente estimulado pelo grande imã Ahmad Al-Tayyeb, com quem me encontrei, em Abu Dhabi, para lembrar que Deus 'criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos'", escreve o Papa logo no início da "Fratelli Tutti".

A encíclica cita Al-Tayyeb em quatro passagens que falam sobre o "enfraquecimento dos valores espirituais", o relacionamento entre Ocidente e Oriente, o comprometimento com a tolerância e a incompatibilidade entre religiões e guerra.

"Naquele encontro fraterno [em Abu Dhabi], que recordo jubilosamente, com o grande imã Ahmad Al-Tayyeb declaramos - firmemente - que as religiões nunca incitam à guerra e não solicitam sentimentos de ódio, hostilidade, extremismo nem convidam à violência ou ao derramamento de sangue. Estas calamidades são fruto de desvio dos ensinamentos religiosos, do uso político das religiões e também das interpretações de grupos de homens de religião que abusaram da influência do sentimento religioso sobre os corações dos homens", escreve o Pontífice.

Em outra passagem, Francisco lembra que ele e Al-Tayyeb pediram aos "artífices da política internacional e da economia mundial para se comprometer seriamente na difusão da tolerância, da convivência e da paz; para intervir, o mais breve possível, a fim de se impedir o derramamento de sangue inocente".

Como grande imã de Al-Azhar, o clérigo é tido como autoridade máxima no islamismo sunita, que é majoritário entre os muçulmanos.

Ansa - Brasil
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