Papa reza missa sozinho e dá benção extraordinária
Durante a celebração, Francisco deu a benção Urbi et Orbi, geralmente feita apenas no Natal e na Páscoa.
O papa Francisco realizou nesta sexta-feira (27) a bênção extraordinária Urbi et Orbi, geralmente feita apenas no Natal e na Páscoa, para apelar pelo fim da pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2). Além disso, concedeu indulgência plenária, ou seja, o perdão dos pecados, aos fiéis.
Na praça de São Pedro vazia, já que o Vaticano fechou o local para conter a propagação do vírus, o Pontífice pediu para Deus "olhar a dolorosa situação" da humanidade.
"Deus onipotente e misericordioso, olha a nossa dolorosa situação: conforta teus filhos e abre nossos corações à esperança, porque sentimos sua presença de Pai em nosso meio", afirmou, ao abrir a oração.
A bênção de Francisco reforça a gravidade da emergência global, principalmente na Itália, um dos países mais atingidos pela Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
Durante a oração, o argentino ressaltou que a emergência atual pode ser uma oportunidade para "redefinir o curso da vida", principalmente reaproximando as pessoas, já que todos estavam "muito preocupados com a sua imagem e não com os outros".
"Vamos adiante sentindo-nos fortes e capazes de tudo, com pressa. E não paramos diante dos chamados das guerras e das injustiças humanitárias. Não ouvimos o nosso mundo gravemente doente. É tempo de colocar a rota da vida na sua direção, Senhor", disse Francisco, também lembrando da importância daqueles que fazem trabalhos considerados mais simples na sociedade.
"Nossas vidas são tecidas e apoiadas por pessoas comuns, geralmente esquecidas, que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas ou nas grandes passarelas, mas, sem dúvida, escrevem hoje os eventos decisivos da nossa história", disse, citando médicos, enfermeiros, trabalhadores de supermercados, faxineiros, entre outros.
Em relação ao isolamento imposto à população pelo governo italiano, Francisco afirmou que, "há semanas, parece que as sombras da noite caíram" e "se adensaram sobre as nossas praças, estradas e cidades".
"[As sombras] Entraram dentro das nossas vidas, preenchendo tudo com um silêncio ensurdecedor e com uma face desolada", disse.
De acordo com o Santo Padre, todas as pessoas estão "com medo e desoladas". "Percebemos que estamos todos no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas, ao mesmo tempo, todos importantes e necessários, todos chamados a remarem juntos", acrescentou.
Por fim, Francisco disse que, mesmo a população tendo fé, ela é fraca, pois todos ainda têm medo. Sendo assim, ele pediu para não temerem, porque Deus "tem cuidado" de todos.
Logo depois da tradicional bênção, o Papa se dirigiu até as proximidades da porta central da Basílica de São Pedro, onde foi colocado o "crucifixo milagroso" de Roma.
A peça fica exposta na Igreja de São Marcelo no Corso e foi visitada pelo Pontífice em 15 de março. Naquele dia, o líder católico também fez uma oração especial pelo fim da pandemia, tendo em vista que o objeto, que inspira profunda veneração pelos fiéis de Roma, é tido pelos católicos como responsável pelo fim da "peste negra" na cidade, em 1519. Por conta disso, ganhou fama entre os romanos de pôr fim a grandes epidemias.
Na sequência, Francisco fez uma meditação, e o Santíssimo Sacramento foi exposto no altar localizado no átrio da basílica.
Após a súplica, o Papa concedeu a indulgência plenária para todos os fiéis. "O Santo Padre Francisco, a todos aqueles que recebem a bênção eucarística também por meio da rádio, da televisão e de outras tecnologias de comunicação, concede a indulgência plenária na forma estabelecida pela Igreja", anunciou o cardeal Angelo Comastri.