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Para secretário da ONU, rejeição de Israel à solução de 2 Estados encorajará extremistas

23 jan 2024 - 20h27
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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, disse nesta terça-feira que é "inaceitável" que o governo de Israel rejeite uma solução de dois Estados para o conflito com os palestinos, alertando que a medida "encorajaria os extremistas em todos os lugares".

Em uma reunião de alto nível do Conselho de Segurança da ONU sobre o Oriente Médio, Guterres disse: "A ocupação de Israel precisa acabar".

O conselho de 15 membros há muito tempo endossa a visão de dois Estados vivendo lado a lado dentro de fronteiras seguras e reconhecidas. Os palestinos querem um Estado na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza, todos territórios capturados por Israel em 1967.

Com a guerra em Gaza entre Israel e os militantes do Hamas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na semana passada que Israel precisa de controle da segurança sobre todas as terras a oeste do rio Jordão -- que abrange os territórios palestinos -- acrescentando: "Isso entra em conflito com o princípio da soberania, mas o que se pode fazer".

Em 7 de outubro, combatentes do Hamas lançaram um ataque no qual, segundo Israel, 1.200 pessoas foram mortas e cerca de 253 pessoas foram feitas reféns. Israel retaliou bombardeando Gaza, governada pelo Hamas, pelo ar e lançando uma ofensiva terrestre. Mais de 25.000 palestinos foram mortos, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza.

"Toda a população de Gaza está sofrendo destruição em uma escala e velocidade sem paralelo na história recente", disse Guterres ao Conselho de Segurança. "Nada pode justificar a punição coletiva do povo palestino."

O ministro das Relações Exteriores da Palestina, Riyad al-Maliki, destacou Netanyahu em seu discurso no Conselho de Segurança, acusando-o de ser "movido por um único objetivo -- sua própria sobrevivência política às custas da sobrevivência de milhões de palestinos sob a ocupação ilegal de Israel e da paz e segurança para todos".

FOCO DE ISRAEL NO IRÃ

Al-Maliki disse que chegou a hora da "admissão do Estado da Palestina na ONU". Tal medida exige que o conselho de 15 membros -- onde o aliado de Israel, os Estados Unidos, detém poder de veto -- faça uma recomendação à Assembleia Geral de 193 membros.

"Israel não deve mais alimentar a ilusão de que há, de alguma forma, um terceiro caminho pelo qual ele pode escolher a ocupação contínua, o colonialismo e o apartheid e, de alguma forma, ainda alcançar a paz e a segurança regionais", disse Al-Maliki.

O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, disse que se o Hamas entregasse os responsáveis pelos ataques de 7 de outubro e libertasse todos os reféns, "essa guerra acabaria imediatamente". Ele também disse que o Hamas não poderia continuar no poder em Gaza.

Mas Erdan concentrou grande parte de sua declaração no Conselho de Segurança no Irã, criticando a presença do ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian.

"Como é absurdo que o ministro das Relações Exteriores do principal patrocinador do terrorismo, que pretende desestabilizar o Oriente Médio, esteja aqui", disse Erdan. "Você consegue imaginar o ministro das Relações Exteriores de Hitler participando de uma discussão séria sobre como defender os judeus durante o Holocausto?"

O Irã apoia os militantes do Hamas em Gaza, o Hezbollah no Líbano e os houthis no Iêmen. A guerra de Gaza provocou confrontos entre Israel e militantes do Hezbollah ao longo da fronteira libanesa, ataques de grupos ligados ao Irã contra alvos dos EUA no Iraque e na Síria e ataques dos houthis contra navios comerciais no Mar Vermelho.

"Interromper o genocídio em Gaza é a principal chave para a restauração da segurança na região", disse Amirabdollahian ao conselho. "A matança de civis em Gaza e na Cisjordânia não pode continuar até a chamada 'destruição total do Hamas', porque esse momento nunca chegará."

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