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Paralisação mais longa da história dos EUA pressiona Trump

Com 800 mil servidores federais sem salários, 'shutdown' chegará ao 22º dia na madrugada de sábado para domingo

12 jan 2019 - 13h11
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"Nós vivemos de salário em salário." A frase é repetida por servidores federais americanos que protestaram na capital americana nesta semana, argumentando que não terão como pagar as contas do mês em janeiro em razão da suspensão de seus pagamentos. Os Estados Unidos bateram neste sábado, 12, o recorde de tempo com o governo federal parcialmente fechado.

Até hoje, a paralisação mais longa no país havia acontecido durante a gestão de Bill Clinton, entre 1995 e 1996, e durado 21 dias. O governo de Donald Trump já encara uma paralisação que chegará na madrugada de sábado para domingo ao seu 22º dia em meio ao impasse sobre previsão de verba para construção do muro na fronteira com o México.

Presidente dos EUA Trump participa de mesa-redonda sobre segurança de fronteira na Casa Branca em Washington 11/01/ 2019. REUTERS/Leah Millis
Presidente dos EUA Trump participa de mesa-redonda sobre segurança de fronteira na Casa Branca em Washington 11/01/ 2019. REUTERS/Leah Millis
Foto: Reuters

Trump não aceita recuar na proposta de erguer a barreira na fronteira sul do país e, para isso, exige US$ 5,7 bilhões de previsão orçamentária. A proposta enfrenta resistência dos democratas. Em meio ao impasse - e com ao menos 800 mil servidores federais afetados sem receber salários -, Trump se vê pressionado e analisa a possibilidade de declarar emergência nacional para conseguir verbas que financiem seu projeto. Apesar de ter afirmado na sexta-feira que não iria declarar emergência nacional "agora", Trump deixou em aberto a ameaça.

A ideia causa um racha dentro do partido republicado, que prevê a reação belicosa da oposição. Os democratas já estudam formas de judicializar uma eventual declaração de emergência pelo presidente e argumentam que Trump vai retirar verba de áreas que irão afetas e colocar em risco a população americana.

Com agências federais fechadas ou com atendimento limitado, a população americana sente no cotidiano os efeitos do chamado 'shutdown'. Sexta-feira seria o dia de pagamento de milhares de servidores federais nos EUA, que ficaram sem receber a primeira parte do salário do ano. Isso inclui 13 mil servidores do FBI, a polícia federal americana, que informou que a situação prejudica investigações em curso e a segurança do país, e responsáveis pelo controle de entrada nos aeroportos.

Uma das servidoras que se manifestou em Washington pelo fim do 'shutdown' foi Janice Fridie. "Eu tenho contas a serem pagas: aquecimento, água, empréstimos estudantis, hipoteca. Tenho contas a pagar, como todos os que estão aqui", afirmou.

Alternativas

Em Washington, a coleta de lixo na região do 'National Mall', que inclui os gramados em frente ao Capitólio e ao Obelisco, passou a ser feita por servidores do Distrito de Columbia. Originalmente, a área é considerada um parque nacional e fica sob cuidados de servidores federais. Com a paralisação, no entanto, D.C. incluiu cerca de 600 lixeiras na rota de coleta, para evitar que a área - no coração de Washington - sofra os efeitos da paralisação.

A prefeita de Washington, Muriel Bowser, sancionou na sexta-feira uma medida aprovada no legislativo local e popularizada na cidade como "lei do amor", para garantir que as licenças de casamento sejam expedidas durante a paralisação. As Cortes de D.C. são financiadas por verbas federais e casamentos foram suspensos no período, pois ficaram de fora do que foi considerado como "essencial" nos serviços durante a paralisação. Na legislação aprovada, os oficiais do Distrito de Colúmbia passam a ter competência para expedir a documentação necessária para realização de casamentos.

Muriel afirmou que Washington é "maior" do que o governo federal. Mas turistas que visitam a cidade neste mês encontraram fechada toda a rede de Smithsonian, responsável por mais de 20 estabelecimentos culturais na capital americana como os concorridos Museu Afro-Americano, Museu Espacial e a Galeria Nacional de Retratos - que abriga a exposição com retratos dos ex-presidentes dos EUA - , além do zoológico da cidade, estão fechados. Áreas no entorno de museus que ficaram repletas de turistas antes do Natal, e portanto antes da paralisação, estiveram completamente vazias na última semana.

Trump vs. Democratas

A oposição acusa Trump de usar a paralisação e o muro como cortina de fumaça em meio ao avanço nas investigações criminais que atingem o entorno do presidente. Na sexta-feira, o jornal The New York Times informou que policiais do FBI chegaram a abrir uma investigação para apurar se Trump agia por influência da Rússia depois que o presidente demitiu o então diretor da agência de investigação, James Comey, em maio.

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