Partido populista inicia votação sobre apoio a Draghi
Resultado arrisca dividir o Movimento 5 Estrelas (M5S)
Com um dia de atraso, o partido populista Movimento 5 Estrelas (M5S), dono da maior bancada no Parlamento da Itália, iniciou nesta quinta-feira (11) uma votação online para decidir se apoia Mario Draghi como primeiro-ministro.
Com cerca de 30% dos assentos na Câmara e no Senado, o M5S pode ser crucial para o economista garantir uma maioria segura para governar e colocar fim à crise política que paralisa a Itália desde 13 de janeiro. A votação entre os filiados ao movimento acontece até as 18h (14h em Brasília), na plataforma online Rousseau.
A pergunta colocada aos apoiadores do M5S é a seguinte: "Você está de acordo que o Movimento apoie um governo técnico-político que preveja um superministério para a transição ecológica e que defenda os principais resultados obtidos pelo Movimento, com as outras forças políticas indicadas pelo premiê encarregado Mario Draghi?".
A votação estava prevista para começar na última quarta (10), porém acabou adiada em meio ao risco de divisão do partido a respeito do ex-presidente do Banco Central Europeu. Uma ala mais "purista" rechaça a ideia de apoiar um símbolo do establishment, porém facções mais moderadas e as lideranças do partido, como o humorista Beppe Grillo e o chanceler Luigi Di Maio, pregam uma postura pragmática.
"Eu confio em Beppe Grillo, que que sempre foi o mais previdente de todos nós. Confio em Giuseppe Conte, porque não era certo que votasse 'sim' para a formação do novo governo. Ele fez um gesto de grande responsabilidade. Eu confio em vocês e naquilo que fizemos juntos nos últimos oito anos", escreveu Di Maio no Facebook.
A expectativa da direção do M5S é de que mais de 100 mil pessoas participem da consulta online. Até hoje, nenhuma votação na plataforma Rousseau, que não é auditada de forma independente, contrariou a vontade das lideranças do movimento.
Em reunião com Draghi na última terça (9), Grillo fez duas exigências para apoiá-lo: a criação de um superministério para orientar as políticas de transição para uma economia "verde" e que a Liga, partido de extrema direita liderado por Matteo Salvini e ex-aliado do M5S, não participe do governo.
O ex-presidente do BCE aceitou o primeiro pedido, mas desconversou sobre o segundo. Com garantia de apoio de praticamente todos os partidos, Draghi ainda não anunciou a composição de seu futuro governo nem qual será a participação das legendas políticas no ministério.