Partido Trabalhista britânico planeja usar Parlamento para frustrar Brexit sem acordo
O Partido Trabalhista britânico, de oposição, disse nesta quinta-feira que convocará um debate de emergência no Parlamento na semana que vem para impedir que o primeiro-ministro, Boris Johnson, retire o Reino Unido da União Europeia sem um acordo de saída.
Mais de três anos depois que o país decidiu deixar o bloco em um referendo, o Reino Unido se encaminha à sua mais grave crise constitucional em décadas e ao embate final com a União Europeia sobre o Brexit, que está marcado para acontecer em dois meses.
Johnson, que se tornou primeiro-ministro no mês passado, enfureceu os que se opõem a um Brexit sem acordo na quarta-feira ao utilizar um mecanismo parlamentar para ordenar a suspensão do Parlamento por quase um mês.
O presidente da câmara baixa do Parlamento, John Bercow, classificou a medida como um ultraje constitucional, já que ela limita o tempo que o Parlamento tem para debater a forma e o curso da história britânica.
O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, disse que assim que o Parlamento voltar de seu recesso de verão na próxima terça-feira, seu partido iniciará um processo para legislar contra um Brexit sem acordo, que segundo ele seria prejudicial aos empregos e à economia.
"O que vamos fazer é tentar impedir politicamente que ele (Johnson) faça isso na terça com um processo parlamentar para prevenir um Brexit sem acordo e também tentaremos prevenir que ele feche o Parlamento neste período tão crucial", disse Corbyn a jornalistas.
"Este país está em risco de sair no dia 31 de outubro sem acordo", disse. "Temos que impedir isso e é exatamente o que faremos na próxima terça-feira."
Cinco outros partidos de oposição, incluindo os Liberais Democratas e o Partido Nacional Escocês, emitiram depois um comunicado conjunto com o Trabalhista exigindo que Johnson deixe os parlamentares votarem sobre a suspensão ou não do Parlamento.
A medida de Johnson para suspender o Parlamento por mais do que o usual foi comemorada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas provocou fortes críticas de alguns parlamentares britânicos, inclusive alguns do próprio Partido Conservador de Johnson, e da imprensa.
Depois de anos de tortuosas negociações e de uma série de crises políticas desde que o Reino Unido aprovou por 52% a 48% a saída da UE em um referendo em 2016, o Brexit continua indefinido. As opções variam, entre um divórcio áspero no dia 31 de outubro seguido por uma eleição, e uma saída amigável ou ainda em um outro eventual referendo.
Ministros da União Europeia pedem que o Reino Unido escolha um Brexit ordenado, com alguns deles expressando preocupações de que a medida de Johnson de suspender o Parlamento aumentava os riscos de uma separação caótica.
Economistas preveem amplamente que um Brexit sem acordo representaria um golpe danoso à economia britânica.