PD e M5S garantem que 'obstáculos podem ser superados'
Os dois partidos reuniram-se pela 1ª vez nesta sexta-feira(23)
A primeira reunião entre a delegação do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, e o Movimento 5 Estrelas (M5S), na tentativa de formar um governo na Itália foi concluída nesta sexta-feira (23) com um "clima positivo e construtivo".
De acordo com o líder do PD na Câmara, Graziano Delrio, o encontro de aproximadamente duas horas deixou claro que os obstáculos entre as duas legendas podem ser superados. "Analisamos os famosos 15 pontos - 10 listados por Luigi Di Maio e os 5 votados pelo diretório do PD - e há amplas e sérias convergências nos pontos da agenda social e ambiental e há um compromisso muito sério de fazer uma agenda de trabalho sobre a manobra de orçamento, que é a coisa mais importante para o país", explicou.
Apesar das diferenças históricas dos dois partidos, o opositor PD disse estar disposto a aceitar, com a imposição de condições, a principal exigência do M5S, que diz respeito à redução do número de membros do Parlamento. Pedido que sofreu resistência por parte da Liga Norte, que formava a coalizão no governo com o partido de Di Maio. O vice-premier e ministro do Desenvolvimento Econômico chegou até a afirmar que só avançaria com as negociações se a legenda de centro-esquerda concordasse com a redução de 945 para 600 parlamentares. "O corte no número de parlamentares precisa ser feito, ponto final. Se não conseguirmos este primeiro item, não haverá mais nada", disse Di Maio à imprensa antes da reunião. A proposta do M5S é o projeto de lei com o corte de deputados (de 630 para 400) e de senadores (de 315 para 200) que carecem de apenas um voto. A delegação do PD, por sua vez, disse ser a favor de um corte geral dos parlamentares, mas dentro de um plano mais articulado, que incluiria uma reforma eleitoral. "Sempre fomos e continuamos a favor de cortar os parlamentares.
Estamos disponíveis para votar a lei, mas acreditamos que ela deve ser acompanhada de garantias constitucionais e de regras sobre o funcionamento parlamentar. Esse é o significado do calendário que estamos dispostos a construir juntos e rapidamente", explicaram o vice-secretário do PD, Andrea Orlando, e os líderes do Senado e Câmara, Andrea Marcucci e Graziano Delrio, em nota. Segundo fontes dos dois partidos, existe a expectativa positiva de que uma coalizão pode ser formada. Mas, durante as negociações, foi acordado que, para realizar a verificação sobre a possibilidade de um acordo a ser apresentado ao presidente italiano, Sergio Mattarella, será necessária uma cúpula entre os líderes dos dois partidos, Luigi Di Maio e Nicola Zingaretti, para que haja uma análise aprofundada dos tópicos individuais. "Nenhum obstáculo insuperável foi apresentado", acrescentou Orlando. Nas próximas horas, os dois lados continuarão a debater as questões da agenda política, com reuniões entre os líderes da Câmara e do Senado, além de representantes das várias comissões parlamentares. Um encontro entre Di Maio e Zingaretti também está em curso. O mercado financeiro, inclusive, já se animou com ideia de uma nova coalizão.
A Itália vive um caos político desde a última semana, quando o vice-premier e ministro do Interior, Matteo Salvini, resolveu colocar um ponto final na aliança com o M5S, após meses de divergências e conflitos internos. O partido Liga Norte apresentou uma moção de censura contra o então primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, que renunciou ao cargo. Após duas rodadas de conversas para tentar formar um novo governo, Mattarella anunciou ontem (22) a ampliação do prazo das consultas tendo em vista um possível acordo entre M5S e o PD, o que seria uma derrota para Salvini por evitar a convocação de novas eleições.