Perda expressiva de biodiversidade reduziria rating de crédito no mundo todo, alerta relatório
Grandes perdas globais de biodiversidade podem causar danos econômicos até o final da década suficientes para cortar severamente mais da metade dos ratings de crédito soberano do mundo, incluindo o da China, alertou o primeiro grande estudo sobre o assunto.
A pesquisa publicada na quinta-feira (horário local) por um grupo de universidades britânicas analisou uma série de cenários, incluindo um em que um colapso parcial de ecossistemas-chave devastaria indústrias dependentes da natureza, como agricultura e pesca, das quais algumas economias dependem.
O trabalho estimou que o impacto negativo resultaria em 58% dos 26 países estudados enfrentando pelo menos um rebaixamento de um degrau de seu rating de crédito soberano.
Como as classificações afetam quanto os governos têm que pagar para tomar empréstimos nos mercados de capitais globais, os rebaixamentos resultariam em custos de entre 28 bilhões e 53 bilhões de dólares em juros adicionais anualmente.
"O impacto das classificações no cenário de colapso parcial dos serviços ecossistêmicos é, em muitos casos, significativo e substancial", disse o relatório, acrescentando que esses custos adicionais da dívida significariam que os governos teriam ainda menos para investir.
O estudo, realizado pelas universidades de East Anglia, Cambridge, Sheffield Hallam e SOAS, mostra que a China e a Malásia seriam as nações mais severamente atingidas, com rebaixamentos de rating em mais de seis graus no cenário de colapso parcial.
Índia, Bangladesh, Indonésia e Etiópia enfrentariam rebaixamentos de aproximadamente quatro graus, enquanto quase um terço dos países analisados perderiam mais de três.
"A perda de biodiversidade pode atingir as economias de várias maneiras. Um colapso na pesca, por exemplo, causa ondas de choque econômicas ao longo das cadeias de suprimentos nacionais e em outras indústrias", disse a coautora Patrycja Klusak, pesquisadora afiliada do Instituto Bennett de Cambridge e professora associada da Universidade de East Anglia.
((Tradução Redação Rio de Janeiro))
REUTERS PF