Perdão de Biden a filho ocorreu por temor de nova perseguição, diz Casa Branca
A Casa Branca disse nesta segunda-feira que o presidente Joe Biden perdoou seu filho, Hunter, em parte devido à preocupação de que seus oponentes políticos continuariam a persegui-lo no futuro, inclusive depois que o presidente deixasse o Salão Oval.
O democrata Biden, cujo mandato termina em 20 de janeiro, quando o presidente eleito republicano Donald Trump assumirá o cargo, assinou um perdão incondicional para Hunter Biden no último domingo e disse acreditar que seu filho havia sido processado seletivamente e visado injustamente por seus oponentes políticos.
Biden disse no passado que não perdoaria seu filho. Em entrevista à emissora ABC News em junho, quando lhe perguntaram se descartaria um perdão, ele respondeu "sim".
Sua atitude surpreendente no domingo foi criticada pela oposição política republicana, mas também por democratas que dizem que ela ameaça minar a confiança pública no Estado de Direito, um conceito que Biden e seu partido usaram para criticar Trump.
Hunter foi processado por crimes fiscais e denúncias relacionadas ao porte de arma, após os republicanos no Congresso passarem anos acusando-o de fazer negócios usando o nome de seu pai, sem conseguir estabelecer uma conexão clara.
A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, defendeu a ação do presidente nesta segunda-feira e disse que Biden acredita que Hunter seria alvo de mais aflições impostas por seus adversários, sem nomeá-los. Jean-Pierre estava entre as autoridades da Casa Branca que haviam dito repetidamente que Biden não perdoaria seu filho.
"Um dos motivos pelos quais o presidente concedeu o indulto foi porque não parecia que seus oponentes políticos iriam deixar isso de lado. Não parecia que eles iriam seguir em frente", disse a repórteres no Air Force One durante uma viagem a Angola. "Eles continuariam a perseguir seu filho. Era nisso que ele acreditava."
Jean-Pierre enfatizou que essa não foi a primeira vez que um presidente perdoou um membro da família. Bill Clinton perdoou seu meio-irmão Roger antes de deixar o cargo, e Trump perdoou o sogro de sua filha, Charles Kushner.
Ela afirmou que Biden acreditava no Departamento de Justiça, apesar de sua declaração de que o processo de seu filho no sistema judicial foi "infectado por política".
"Duas coisas podem ser verdadeiras: o presidente acredita no sistema de justiça e no Departamento de Justiça, e ele também acredita que seu filho foi alvo de discriminação política", disse.
Ela se recusou a dar mais detalhes sobre por que ou como Biden mudou de ideia, ou se a recente eleição que colocou os republicanos no comando da Casa Branca e de ambos os ramos do Congresso teve algum papel na decisão.
Os republicanos, em sua maioria, criticaram a decisão de Biden, acusando-o de corrupção, enquanto parlamentares democratas se dividiram, com alguns sugerindo que ele colocou a família acima do país, e outros apontando os indicados de Trump para cargos judiciais como justificativa.
Hunter Biden se declarou culpado em setembro de acusações de impostos federais no tribunal federal de Los Angeles e receberia a sentença em 16 de dezembro por Mark C. Scarsi, um juiz indicado pelo presidente eleito republicano Donald Trump.
Um júri o considerou culpado em junho por fazer declarações falsas em uma verificação de antecedentes de armas. Ele receberia a sentença por essas acusações também neste mês.
Biden disse no domingo que seu filho havia sido processado seletivamente e tratado de forma diferente de outros com situações semelhantes. "Nenhuma pessoa sensata que analise os fatos dos casos de Hunter pode chegar a outra conclusão que não seja a de que Hunter foi escolhido apenas por ser meu filho -- e isso está errado", disse.
No final do domingo, o advogado de Hunter Biden entrou com um pedido para arquivar as acusações contra seu cliente.