Peronista Massa fará 2º turno das eleições com libertário Milei na Argentina
A coalizão peronista governista da Argentina superou as expectativas para liderar as eleições gerais do país no domingo, preparando o palco para um segundo turno polarizado no próximo mês entre o ministro da Economia, Sergio Massa, e o radical libertário de extrema-direita Javier Milei.
Massa tinha 36,6% dos votos, à frente de Milei com pouco mais de 30%, enquanto a conservadora Patricia Bullrich aparecia atrás com 23,8%, com quase 98% dos votos apurados, um resultado que desafiava as pesquisas pré-eleitorais que previam uma vitória do candidato libertário.
A surpreendente força dos peronistas, apesar de a inflação ter atingido os três dígitos pela primeira vez desde 1991, cria um intrigante segundo turno em 19 de novembro entre dois modelos econômicos totalmente opostos para o país.
O resultado alivia preocupações sobre uma mudança radical nas políticas no caso de uma vitória decisiva para Milei, que propôs dolarizar a economia e fechar o banco central, mas ainda deixa o país com poucas respostas para a sua pior crise econômica em duas décadas.
Os argentinos foram às urnas no domingo em meio aos problemas econômicos e à crescente raiva da elite tradicional.
"Sei que muitos dos que votaram em nós são os que mais sofrem", disse Massa após os resultados. "Nosso país vive uma situação complexa, difícil, cheia de desafios a enfrentar... não vou decepcioná-los".
Muitos culparam Massa e os peronistas no poder, que, no entanto, responderam dizendo que suas redes de segurança social e subsídios eram fundamentais para muitos argentinos em dificuldades, inclusive mostrando como as tarifas de trem e ônibus poderiam aumentar drasticamente se ele perdesse.
"O peronismo é o único espaço que oferece a possibilidade de que os mais pobres de nós possam ter coisas básicas ao alcance de suas mãos", disse o pedreiro Carlos Gutierrez, 61 anos, quando foi votar mais cedo.
Milei, entretanto, propõe medidas radicais, como a dolarização da economia, e criticou os importantes parceiros comerciais Brasil e China. Ele também é a favor de reduzir o tamanho do governo e é antiaborto.
Para ser eleito no domingo, um candidato precisaria de mais de 45% dos votos ou 40% e uma vantagem de 10 pontos.
Milei, em discurso desafiador após o resultado, disse que continuará lutando para vencer no segundo turno no mês que vem.
"Estamos diante da eleição mais importante dos últimos 100 anos", declarou ele. "Se trabalharmos juntos podemos vencer, se trabalharmos juntos podemos recuperar o nosso país."
As autoridades eleitorais disseram que a participação foi de cerca de 74%, acima das primárias de agosto, mas consideravelmente inferior aos 81% na última eleição e a mais baixa participação nas eleições gerais desde o regresso à democracia em 1983.