Peru espera para julho nova informação do Brasil para ampliar investigação sobre Odebrecht
A promotoria do Peru espera receber até julho informações do Brasil que servirão para fortalecer e ampliar a investigação sobre casos de corrupção de empresas brasileiras no país, disse nesta quarta-feira o procurador-geral Pablo Sánchez.
O envio da informação, contida no chamado caixa 2 da empreiteira Odebrecht que registrava o pagamento de propinas a vários políticos da América Latina, será resultado de um acordo recente firmado entre as procuradorias do Peru e do Brasil, disse Sánchez em entrevista coletiva para a imprensa estrangeira.
"Esperamos que seja no final de junho ou em julho em todo caso... o que pedi a eles é que seja o mais rápido possível", disse Sánchez. "O compromisso da Procuradoria-Geral do Brasil é que vão seguir colaborando conosco no tema da investigação", disse.
A investigação de casos de suborno no Peru envolveu os governos dos últimos quatro presidentes peruanos, principalmente graças a declarações de executivos de empresas brasileiras e mesmo do ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht.
"Esta informação servirá para enriquecer com elementos de convicção os casos já abertos, mas também, acreditamos, para abrir novas linhas de investigação a partir do processamento desses dados", disse o promotor Hamilton Castro, que investiga o caso da Odebrecht, que também participou da coletiva.
Sánchez afirmou que o caso que envolve o ex-presidente peruano Ollanta Humala, que governou de 2011 a 2016, por lavagem de ativos com recursos da Odebrecht, é o mais avançado e uma acusação formal poderá ser apresentado e um processo ser iniciado antes do final do ano.
"A importância desse processo é que vai marcar a linha de julgamento dos outros casos", disse Sánchez, em referência ao caso, no qual Humala negou irregularidades.
O procurador garantiu que a investigação de corrupção das empresas brasileiras é muito maior do que o caso do ex-assessor Vladimiro Montesinos, que levou à destituição do ex-presidente Alberto Fujimori em 2000.
"Isto transcende fronteiras e envolve políticos de partidos diferentes", disse.