Pesquisador de universidade italiana será libertado no Egito
Patrick Zaki está preso desde fevereiro de 2020
Preso no Egito há quase dois anos, o ativista e pesquisador egípcio Patrick Zaki, estudante da Universidade de Bolonha, será libertado.
Após uma audiência do processo contra Zaki em Mansura nesta terça-feira (7), seus advogados afirmaram a jornalistas que ele sairá da prisão, mesmo que ainda não tenha sido absolvido.
No entanto, não se sabe se o pesquisador de 30 anos será libertado ainda nesta terça ou nos próximos dias. "Ficamos sabendo que a decisão é de colocá-lo em liberdade, mas não temos outros detalhes no momento", disse à ANSA a advogada Hoda Nasrallah.
Zaki foi preso em 8 de fevereiro de 2020, após voltar ao Egito para um período de férias, sob a acusação de "propaganda subversiva" por meio de postagens no Facebook.
No entanto, ele acabou denunciado mais tarde por "difusão de notícias falsas" por meio de três artigos, sendo que um deles, de 2019, falava sobre cristãos perseguidos pelo Estado Islâmico (EI) e discriminados por parcelas da sociedade muçulmana no Egito.
Além de estudante da Universidade de Bolonha, uma das mais prestigiosas da Itália, ele é pesquisador da Egyptian Initiative for Personal Rights (EIPR), organização egípcia de defesa dos direitos humanos.
O processo contra Zaki é acompanhado de perto por diplomatas italianos, e o Parlamento do país europeu já aprovou uma moção para o governo conferir cidadania ao pesquisador, medida até agora ignorada pelo gabinete do premiê Mario Draghi.
A próxima audiência do julgamento do egípcio foi marcada para 1º de fevereiro. "É um enorme suspiro de alívio porque acaba o período de 22 meses de prisão, e esperamos que este seja o primeiro passo para a absolvição", afirmou à ANSA o porta-voz da Anistia Internacional na Itália, Riccardo Noury.
O caso Zaki também ganhou notoriedade no país europeu por remeter à morte de Giulio Regeni, pesquisador italiano sequestrado, torturado e assassinado no Cairo em janeiro de 2016.
Regeni frequentava sindicatos clandestinos e contrários ao regime do presidente Abdel Fattah al-Sisi, o que levantou a hipótese de crime político.
Em janeiro passado, o Ministério Público de Roma denunciou quatro agentes dos serviços secretos do Egito pela morte do pesquisador, mas o julgamento foi suspenso logo em seu início porque os réus não foram notificados, uma vez que a Justiça do país africano não quis fornecer seus endereços.