Pesquisas mostram disputa acirrada no 2º turno no Chile
As duas primeiras pesquisas realizadas em decorrência da eleição presidencial marcada no Chile para o próximo dia 19 de dezembro mostram uma disputa acirrada entre o candidato de extrema direita José Antonio Kast e o postulante de esquerda Gabriel Boric.
A informação foi relatada nesta terça-feira (23) pela televisão estatal chilena TVN.
Para o Instituto Cadem, que fez um levantamento da opinião dos eleitores por telefone entre os dias 16 e 19 de novembro, tanto Kast quanto Boric têm a preferência de 39% dos entrevistados, enquanto 22% afirmam ainda não ter feito uma escolha ou não responderam.
Já o Instituto privado Pulso Ciudadano confirma em pesquisa realizada em escala nacional, entre 9 e 12 de novembro, a incerteza inicial sobre o resultado da votação, com uma ligeira vantagem para Boric, escolhido por 35,9% dos entrevistados, contra 35% dos que optaram por Kast.
O percentual restante divide-se entre votos em branco ou nulo, sem voto ou indecisos. No entanto, de acordo com este levantamento, a maioria dos votos do primeiro turno do candidato populista de direita Franco Parisi (12,8%) iria surpreendentemente para Boric.
No primeiro turno, Kast, de 55 anos, já apelidado de "Bolsonaro chileno", obteve 27,91% dos votos, enquanto o deputado e ex-líder estudantil de 26 anos garantiu 25,83%.
Hoje, o diplomata brasileiro Celso Amorim, ex-chanceler durante os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), manifestou preocupação com a vitória de Kast no primeiro turno das eleições presidenciais no Chile.
"Isso é assustador: há três ou quatro meses ninguém esperava que isso acontecesse, mas ainda acho que [Kast] será derrotado nas urnas", afirmou Amorim.
"Acredito que todos os democratas chilenos vão se unir, mas é preciso ter clareza e visão para construir tal aliança, ela não será construída sem custo", acrescentou o petista.
Para o ex-chanceler, "é preciso entender que a principal contradição no mundo de hoje é entre os que tem uma visão democrática e os que tem uma visão fascista: este é o dilema do Chile".
Segundo o político brasileiro, o mesmo "dilema" terá de ser enfrentado nas eleições presidenciais de 2022 no Brasil, nas quais Lula - novamente elegível após o cancelamento de uma sentença de corrupção contra ele - aparece como favorito contra Bolsonaro.