Pivô de casos de pedofilia no Chile irá a reunião com Papa
Juan Barros é acusado de acobertar escândalo de abuso sexual
O bispo de Osorno, Juan Barros, pivô do escândalo de pedofilia que abalou a imagem da Igreja Católica no Chile, participará da reunião com os prelados do país convocada pelo papa Francisco para 14 a 17 de maio.
O religioso está há duas semanas em Madri, na Espanha, e de lá seguirá para Roma, segundo o jornal chileno "La Tercera". A imprensa local veiculou o rumor de que a Congregação para a Doutrina da Fé, dicastério mais poderoso da Igreja, teria pedido para Barros renunciar, mas ele teria se negado.
Vítimas do padre chileno Fernando Karadima, já condenado pelo Vaticano por pedofilia, acusam o bispo de Osorno de ter acobertado as denúncias durante anos, devido à sua proximidade com o sacerdote, seu mentor no seminário.
No entanto, durante sua viagem ao Chile, em janeiro, Francisco rechaçou as denúncias contra Barros e insinuou que as vítimas o estavam "caluniando" por não terem provas contra ele. Mais tarde, o Papa pediu desculpas, enviou o arcebispo de Malta, Charles Scicluna, para aprofundar as investigações e reconheceu que cometera "graves erros de avaliação" sobre o escândalo de pedofilia no país latino.
Na semana passada, Jorge Bergoglio recebeu três vítimas de Karadima no Vaticano, mas nenhuma ação concreta foi anunciada até o momento. Antes de tomar qualquer medida, o Pontífice preferiu se reunir com os bispos chilenos.
Entre os convocados para o encontro está o arcebispo emérito de Santiago, cardeal Francisco Javier Errázuriz, colaborador próximo do argentino e membro do conselho que trabalha na reforma da Cúria. O cardeal, no entanto, não deve participar da reunião no Vaticano, por estar "cansado de polêmicas", segundo pessoas de seu entorno.
Errázuriz também teve sua cabeça pedida pelas vítimas de Karadima nos encontros com o Papa, já que é acusado de ter ocultado denúncias de pedofilia.