Plantas comestíveis, poesia e aulas de inglês: o dia de uma mãe em uma tenda em Gaza
A vida da professora Inas Al-Baz em Gaza foi reduzida a uma busca diária por comida e água para sua família, mas ela quebra a monotonia sempre que pode -- seja com um novo ingrediente para sua panela ou com um tempo de estudo com os filhos em sua tenda.
A família Al-Baz, do campo de refugiados Al-Shati, está entre os estimados 1,5 milhão de palestinos aglomerados na região de Rafah, no sul de Gaza, após o ataque militar de Israel contra o enclave os forçar a deixar suas casas.
"Minhas crianças têm hobbies e vão bem na escola, graças a Deus. Eles costumavam ter ambições e suas próprias atividades, como todas as crianças", disse, no abrigo da família construído com lençóis de nylon pregados em tiras de madeira compensada.
"Mas agora é apenas 'mãe, o que vamos comer? O que vamos beber?'."
Al-Baz disse que seus filhos estão cansados de comida enlatada, uma das únicas coisas que ela consegue para alimentá-los, mas ela estava feliz que, graças a uma chuva recente, uma planta comestível chamada malva cresceu nas redondezas e ela tinha um pouco para a próxima refeição.
Ela lavava as folhas de malva picadas em uma panela no chão, preparando-as para cozinhá-las em um pequeno fogão a gás para acampamentos.
Para Al-Baz, o fogão adquirido recentemente trouxe uma significativa melhora após meses cozinhando em uma fogueira que fazia fumaça e deixou uma das suas filhas doente.
Tarefas diárias como fazer pão, varrer areia do abrigo e lavar roupas à mão em pequenos baldes consomem tempo, mas Al-Baz está determinada a continuar a educação dos seus filhos.
"Eu não perco tempo na tenda. Eu ensino o Corão, eu ensino poesia", disse.
"Nossas crianças estão sofrendo, privadas dos seus direitos. Mas nós, como mulheres palestinas, somos pacientes e trabalhamos duro para motivar nossas crianças a serem as melhores crianças", disse.
Ajoelhada dentro da tenda, sua filha Anood recitou um poema em árabe com uma entonação animada. Al-Baz sentou com o filho, Swalen, ensinando-o inglês básico. As crianças também brincaram um pouco do lado de fora do abrigo empinando pipa.
"Considero as mulheres palestinas entre as mulheres mais fortes do mundo", disse Al-Baz.
"Nós, como mulheres palestinas, sofremos muito, muito, muito nessas tendas. Mas, apesar disso, podemos nos adaptar às circunstâncias e podemos viver nossas vidas", disse.