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Por que a Coreia do Norte segue testando mísseis

País asiático testou um míssil balístico intercontinental pela primeira vez desde 2017.

25 mar 2022 - 07h37
(atualizado às 08h06)
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Em 16 de março, a Coreia do Norte disparou um míssil, que os EUA disseram ser um teste para partes de um sistema ICBM
Em 16 de março, a Coreia do Norte disparou um míssil, que os EUA disseram ser um teste para partes de um sistema ICBM
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A Coreia do Norte testou um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) pela primeira vez desde 2017, informaram a Coreia do Sul e o Japão.

Autoridades japonesas disseram que o míssil percorreu 1,1 mil km e caiu em águas japonesas depois de voar por mais de uma hora.

Os ICBMs, desenvolvidos para carregar armas nucleares, poderiam fazer com que a Coreia do Norte tenha capacidade de atingir o continente dos EUA.

O teste está sendo visto como uma grande escalada por parte da Coreia do Norte e foi condenado por seus vizinhos e pelos EUA.

A Coreia do Norte lançou uma série de testes de mísseis nas últimas semanas.

Os EUA e a Coreia do Sul disseram que alguns desses testes, que Pyongyang alegou serem lançamentos de satélites, eram, na verdade, testes de partes de um sistema ICBM.

O míssil de quinta-feira (24/3) parecia ser mais novo e mais poderoso do que o que a Coreia do Norte disparou há cinco anos, atingindo uma altitude de mais de 6 mil km, segundo autoridades japonesas.

Os militares da Coreia do Sul responderam com cinco testes de mísseis próprios, de terra, mar e ar.

Os EUA condenaram a Coreia do Norte por uma "violação descarada" das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

"A porta não se fechou para a diplomacia, mas Pyongyang deve cessar imediatamente suas ações desestabilizadoras", declarou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, condenou o que disse ser uma "violação da suspensão dos lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais prometida pelo presidente Kim Jong-un à comunidade internacional".

Um sinal da expansão do alcance nuclear do Norte?

Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul

O regime de Kim Jong-un está determinado não apenas a manter a Coreia do Sul refém de ameaças militares que podem burlar as defesas antimísseis e capacidades de ataque preventivo de Seul, mas também quer expandir seu alcance nuclear sobre o território americano para impedir Washington de sair em defesa de aliados dos EUA.

A Coreia do Norte não está nem perto de iniciar uma agressão na escala da invasão russa à Ucrânia. Mas as ambições de Pyongyang também vão além da autodefesa, já que o país quer reverter a ordem de segurança do pós-guerra na Ásia.

A eficácia das sanções existentes está diminuindo devido à aplicação frouxa de alguns países.

Dada a falta de cooperação da China e da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, os EUA e seus aliados provavelmente vão precisar sancionar mais entidades nesses países e em outros lugares, que estão ajudando os programas de armas da Coreia do Norte.

A expectativa é de que o governo do presidente eleito na Coreia do Sul, Yoon Seok-yeol, aumente os exercícios de defesa com os EUA e a cooperação de segurança com o Japão.

Os EUA e a Coreia do Sul alertaram nas últimas semanas que a Coreia do Norte poderia estar se preparando para testar um ICBM com alcance total pela primeira vez desde 2017.

A Coreia do Norte testou muitos tipos diferentes de mísseis
A Coreia do Norte testou muitos tipos diferentes de mísseis
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Em 16 de março, a Coreia do Norte lançou um míssil que pareceu explodir logo após a decolagem sobre Pyongyang, disseram militares sul-coreanos.

A ONU proibiu a Coreia do Norte de realizar testes de armas balísticas e nucleares e impôs sanções severas após testes anteriores.

Em 2017, a Coreia do Norte realizou vários testes de ICBM, sendo que o último envolveu um míssil Hwasong-15, que atingiu uma altitude de 4,5 mil km.

Especialistas estimaram que o Hwasong-15 poderia ter viajado mais de 13 mil km, se tivesse sido disparado em uma trajetória padrão, o que significava que poderia atingir qualquer parte do território continental dos EUA.

Acredita-se que o último lançamento seja o maior teste de ICBM já realizado pela Coreia do Norte — e envolveu um míssil ainda mais potente, possivelmente o novo Hwasong-17, apresentado em 2020, mas não testado até agora.

Em 2018, Kim Jong-un anunciou uma suspensão nos testes de armas nucleares e mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) de longo alcance, após negociações com o então presidente dos EUA, Donald Trump.

Mas em 2020, Kim anunciou que não estava mais preso à declaração de moratória.

O lançamento de quinta-feira acontece logo depois de imagens de satélite terem mostrado, no início deste mês, atividades no centro de testes nucleares de Punggye-ri, alimentando temores de que a Coreia do Norte volte a testar armas nucleares e mísseis de longo alcance.

A instalação, localizada no nordeste do país, foi fechada em 2018 depois que Kim prometeu interromper todos os testes nucleares.

Infográfico faz comparação em relação ao alcance dos mísseis em poder da Coreia do Norte
Infográfico faz comparação em relação ao alcance dos mísseis em poder da Coreia do Norte
Foto: BBC News Brasil

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