Por que a maçonaria britânica diz estar sofrendo discriminação
Nos últimos meses, reportagens publicadas por jornais ingleses questionaram a influência da maçonaria no Parlamento Britânico e até na polícia.
Nos últimos dias, organizações ligadas à maçonaria publicaram anúncios em vários jornais britânicos pedindo "o fim da discriminação" contra seus membros.
A United Grand Lodge of England (UGLE), a principal associação de lojas maçônicas no país, afirmou que recebe pessoas de todos os tipos em suas fileiras, mas que seus praticantes são "injustificadamente estigmatizados". O grupo chegou a escrever sobre o assunto para uma comissão de direitos humanos da Inglaterra.
O movimento é uma reação a reportagens publicadas recentemente em jornais do país questionando uma possível influência da maçonaria no Parlamento Britânico e até na polícia.
No texto reproduzido nos jornais Times, Daily Telegraph e Guardian, o órgão maçônico se queixa que seus membros são vítimas de informações "deturpadas".
Sob o título de "Já chega", o chefe-executivo da UGLE, David Staples, afirmou que a organização arrecadou mais de 33 milhões de libras (cerca de R$ 148,5 milhões) para causas sociais no ano passado.
Ele disse que pessoas de qualquer raça, religião, idade, classe social ou inclinação política são bem-vindas na organização de 300 anos de idade.
A UGLE, porém, é restrita a homens, embora existam lojas maçônicas apenas para mulheres.
Hoje existem cerca de 200 mil maçons na Inglaterra e no País de Gales, que se encontram em mais de 7 mil lojas.
Na última semana, o jornal The Guardian informou que duas lojas maçônicas atuariam dentro de Westminster, sede do Parlamento britânico - uma reunindo políticos, os chamados "Members os Parliament", e outra, jornalistas que atuam na cobertura política.
Staples afirma que as lojas existem de fato, mas que nenhum de seus membros é jornalista ou político.
A história dá sequência a outra reportagem polêmica, de dezembro de 2017, que afirmava que membros da maçonaria estariam impedindo que uma reforma na polícia inglesa fosse implementada. O chefe da polícia britânica, Steve White, afirmou que a influência do grupo estaria impedindo a promoção de mulheres e de grupo étnicos dentro da corporação.
Staples, chefe da maçonaria britânica, disse que as afirmações eram "risíveis".
Ao programa BBC Breakfast, ele afirmou que a organização não aceita corrupção. "Não somos uma sociedade secreta. Nepotismo e corrupção não são tolerados por nós", disse.
Ele acrescentou que o aperto de mão usado pelos membros durante as cerimônias não seria "secreto", mas, quando foi convidado a demonstrar isso para os telespectadores do programa da BBC, declinou, dizendo que havia prometido não fazer o gesto.
O anúncio da maçonaria em jornais afirma que a organização vai realizar uma série de eventos neste ano para responder a questões sobre sua atuação. As atividades do grupo não são amplamente conhecidas.
Apesar da campanha para tentar melhorar a imagem da sociedade, há pessoas que ainda veem a maçonaria com ceticismo. "Como os membros da maçonaria podem ser discriminados se nós nem sabemos quem eles são?", questionou a deputada trabalhista Melanie Onn.
Alguns fatos sobre a maçonaria no Reino Unido
- Existem cerca de 200 mil homens praticantes da maçonaria no Reino Unido, para 4,7 mil mulheres.
- Maçons se encontram em um templo que eles chamam de loja. Eram nesses locais que os pedreiros membros das primeiras sociedades se encontravam quando trabalhavam em uma igreja ou catedral. Em francês, a palavra maçon significa "pedreiro".
- As lojas são agrupadas por região.
- Os membros usam aventais maçons que fazem referência à tese de que a maçonaria surgiu da reunião entre antigos pedreiros que construíram igrejas e catedrais, que usavam aventais para se protegerem de lascas de pedras durante os trabalhos.
- O "terceiro grau" é a última etapa antes de se tornar um maçom de pleno direito. A cerimônia envolve responder a questionamentos.
- Maçons homens famosos no Reino Unido incluem nomes como Winston Churchill e Oscar Wilde.
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