Por que Bolívia rompeu relações diplomáticas com Israel
Além da decisão do governo boliviano, Chile e Colômbia também convocaram os embaixadores em Israel para conversas.
O governo da Bolívia tornou-se na terça-feira (31/10) o primeiro país latino-americano a romper relações diplomáticas com Israel devido à operação militar que ocorre na Faixa de Gaza.
A decisão foi anunciada pela ministra da Presidência, María Nela Prada, e pelo vice-chanceler das Relações Exteriores, Freddy Mamani.
A Bolívia "tomou a determinação de romper relações diplomáticas com o Estado de Israel em repúdio e condenação da agressiva e desproporcional ofensiva militar que ocorre na Faixa de Gaza", declarou Mamani.
"Exigimos o fim dos ataques na Faixa de Gaza, que até agora causaram milhares de mortes de civis e o deslocamento forçado de palestinos; bem como a cessação do bloqueio que impede a entrada de alimentos, água e outros elementos essenciais à vida, violando o Direito Internacional e o Direito Internacional Humanitário no tratamento da população civil em conflitos armados", disse Prada, que atua como chanceler interina.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a Bolívia é o primeiro país do mundo a romper relações diplomáticas com Israel como resultado do atual conflito que começou em 7 de outubro, quando o Hamas lançou um ataque em território israelense no qual 1,4 mil pessoas foram mortas e outras 200 sequestradas, a maioria civis.
Desde o ataque do Hamas, Israel iniciou uma campanha de bombardeios em Gaza que matou mais de 8,5 mil pessoas até o momento, segundo autoridades de saúde locais.
Embora o objetivo declarado de Israel seja eliminar o Hamas, que governa Gaza desde 2007 e é considerado um grupo terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos, muitas das vítimas dos bombardeios são mulheres e crianças.
Hamas saúda decisão da Bolívia
O anúncio do rompimento das relações com Israel ocorreu um dia depois de o presidente boliviano Luis Arce ter se reunido com o embaixador da Autoridade Palestina em La Paz, Mahmoud Elalwani.
No comunicado desta terça-feira (31/10), os ministros bolivianos defenderam uma declaração de cessar-fogo e anunciaram que o governo Arce enviará ajuda à Gaza.
Em declarações oficiais, as autoridades bolivianas não fizeram qualquer menção ao ataque do Hamas a Israel no dia 7 de outubro.
O grupo islâmico emitiu na terça-feira (31/10) um comunicado em que saúda a decisão da Bolívia e convida os países árabes que "normalizaram as relações com Israel" a fazerem o mesmo, segundo a agência AFP.
A Bolívia restabeleceu relações diplomáticas com Israel durante o governo de Jeanine Añez em 2020, cerca de uma década depois um rompimento anunciado em 2009 por causa de um conflito anterior na Faixa de Gaza.
Colômbia e Chile convocam embaixadores em Israel para consultas
Na noite de terça-feira (31/10), o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou que fez pedidos de consultas da embaixadora do país em Israel, Margarita Eliana Manjarrez Herrera.
Numa mensagem publicada na rede X (o antigo Twitter), o presidente colombiano declarou: "Decidi chamar a nossa embaixadora em Israel para uma consulta. Se Israel não parar o massacre do povo palestino, não poderemos estar lá."
Durante as últimas duas décadas e até antes de Petro chegar ao poder, a Colômbia foi considerada um dos principais parceiros de Israel na América Latina.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, também anunciou nesta terça-feira (31/10) pelas redes sociais que chamaria o embaixador chileno em Israel, Jorge Carvajal, para consultas, "dadas as violações inaceitáveis do Direito Internacional Humanitário que Israel tem cometido na Faixa de Gaza".
"O Chile condena veementemente e observa com grande preocupação estas operações militares — que neste momento implicam punição coletiva à população civil palestina em Gaza — não respeitam as normas fundamentais do Direito Internacional, como demonstram as mais de oito mil vítimas civis, principalmente mulheres e crianças", observou Boric.
O Chile é o país do mundo com a maior comunidade de palestinos fora do mundo árabe.