Por que duas executivas estão acusando o McDonald's de racismo
Vice-presidentes dizem, em ação judicial, que a empresa americana pratica discriminação racial intencional contra seus clientes e funcionários.
Duas executivas do alto escalão do McDonald's entraram com uma ação na Justiça contra a empresa, sob acusação de racismo contra seus clientes e funcionários.
De acordo com elas, o clima piorou depois que o britânico Steve Easterbrook assumiu o cargo de presidente-executivo, em 2015.
Sob sua liderança, dizem, a companhia levou a cabo uma "implacável eliminação" de negros em cargos de liderança, reduzindo também a publicidade voltada à população afro-americana.
Em sua defesa, o McDonald's afirmou que discorda "das caracterizações que estão no processo".
A empresa disse que reduziu o número de posições de liderança nos últimos cinco anos, mas que 45% dos executivos em cargos de chefia não são brancos.
"No McDonald's, nossas ações se baseiam na nossa crença de que uma empresa respeitosa, inclusiva, vibrante e diversa nos torna mais fortes", afirmou a empresa.
Easterbrook, que é citado nominalmente no processo, foi demitido no ano passado por ter se envolvido em um relação com uma colega de trabalho, violando as regras internas da companhia, mesmo tendo sido uma relação consensual. Ele não foi encontrado para comentar as acusações.
Ele foi substituído por Chris Kempczinski, antes responsável pela divisão americana da empresa e também citado na ação judicial.
Discriminação 'sistêmica' e 'oculta'
A ação foi protocolada nesta terça-feira (7) em uma Corte federal do Estado americano de Illinois por Vicki Guster-Hines e Domineca Neal. As duas trabalham no McDonald's desde 1987 e 2012, respectivamente, e são vice-presidentes de franquias e operações.
Elas dizem que, ao longo dos anos, o McDonald's sempre praticou discriminação racial "sistêmica, mas oculta", mas que ela se tornou "aberta, incontestável e altamente prejudicial" após a mudança na liderança da empresa em 2015.
Na ação, as funcionárias dizem que projetos de treinamento para funcionários negros foram engavetados, que afro-americanos foram excluídos dos postos de conselheiros sêniores da empresa e que colegas eram descritas "como mulheres negras raivosas".
De acordo com elas, o número de franquias pertencentes a pessoas negras também caiu desproporcionalmente — fruto de uma política intencional ou resultado de "negligência irresponsável" sobre o alto investimento requerido dos donos de franquias.
As executivas também acusam a empresa, que vem se empenhando para renovar suas lojas e atualizar sua imagem, de se afastar dos clientes negros — historicamente uma das principais clientelas da marca — em seus anúncios publicitários.
"Os clientes afro-americanos foram considerados menos desejados pelo McDonald's", afirmam.
Elas querem reparação por danos e dizem que sofreram retaliações da empresa por expressar suas preocupações com o tratamento dispensado aos afro-americanos.