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Mundo

Por que Nicarágua libertou 222 opositores presos e os enviou aos EUA

Críticos do governo do presidente Daniel Ortega chegam aos EUA após serem libertados da prisão.

10 fev 2023 - 14h23
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Felix Maradiaga abraça a filha ao comemorar sua chegada aos EUA
Felix Maradiaga abraça a filha ao comemorar sua chegada aos EUA
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A Nicarágua libertou 222 dos 245 opositores que mantinha presos.

Os presos libertados, que são críticos do presidente Daniel Ortega, foram deportados para os Estados Unidos.

O Departamento de Estado americano acolheu a decisão, que disse ter sido tomada "unilateralmente" pelo governo da Nicarágua.

Entre os libertados, estão políticos da oposição que planejavam concorrer contra Ortega nas eleições de 2021, mas que foram presos antes do pleito.

Com seus oponentes mais ferrenhos na prisão, Ortega conquistou o quarto mandato consecutivo nas urnas. Ele está no poder ininterruptamente desde 2007.

Em entrevista à rede americana de língua espanhola Telemundo, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que não sabia se isso significava que a Nicarágua estava pronta para mudar suas políticas de direitos humanos.

"Estamos felizes em recebê-los, e estou feliz que eles foram liberados."

Já Ortega afirmou a uma rede de TV local que os prisioneiros libertados eram "agentes" de potências estrangeiras e tentavam minar a soberania nacional.

"Deixe que eles fiquem com seus mercenários", declarou, citado pela agência de notícias Reuters.

Fontes da oposição na Nicarágua informaram que os presos libertados perderam a nacionalidade nicaraguense, e uma autoridade do judiciário os descreveu como "traidores" que foram deportados.

Entre os prisioneiros libertados, estava o líder da oposição, Juan Sebastian Chamorro, e o ex-candidato à presidência, Felix Maradiaga, que contou que ficou sabendo que havia perdido sua cidadania logo após chegar aos Estados Unidos.

"Serei nicaraguense até morrer. Ainda amarei a Nicarágua, não apenas como o país onde nasci, mas também como a terra que desejo ver democrática", disse ele a jornalistas.

O governo Biden, que descreveu a eleição de 2021 na Nicarágua como "uma farsa", vinha pressionando o governo da Nicarágua a libertar os prisioneiros. Os EUA argumentavam que eles haviam sido detidos arbitrariamente.

O Departamento de Estado americano afirmou que os EUA haviam ajudado a organizar o voo fretado para o aeroporto de Dulles, perto de Washington DC.

"Alguns desses indivíduos passaram anos na prisão, muitos deles por exercerem suas liberdades fundamentais, em péssimas condições e sem acesso ao devido processo legal", declarou em comunicado.

Outros membros da influente família Chamorro, que há muito tempo se opõe ao governo do presidente Ortega, estavam entre os libertados.

Juan Sebastian Chamorro estava entre os libertados
Juan Sebastian Chamorro estava entre os libertados
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Esperança de retornar

A prima de Juan Sebastian Chamorro, Cristiana, cuja mãe, Violeta, derrotou Daniel Ortega nas eleições de 1990, era uma das pessoas que planejava concorrer contra Ortega nas eleições de 2021.

Ela era vista por muitos na oposição como sua melhor aposta para derrotar Ortega.

Mas logo após anunciar que concorreria à presidência, promotores a acusaram de lavagem de dinheiro. Na sequência, ela foi condenada a oito anos de prisão.

Ela foi deportada junto com o irmão, Pedro Joaquín Chamorro, que também foi condenado no ano passado.

Um grupo estudantil de oposição, a Aliança Universitária Nicaraguense, disse que dois de seus membros, Lesther Alemán e Max Jerez, também estavam a bordo do avião com destino aos Estados Unidos.

Os estudantes estiveram à frente dos protestos antigoverno que abalaram a Nicarágua em 2018 — e os dois líderes estudantis permaneceram críticos contundentes do governo liderado pelo presidente Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, até sua prisão em 2021.

Membros da Aliança Universitária Nicaraguense disseram que vão continuar lutando pelos direitos daqueles que foram enviados aos Estados Unidos para que "possam retornar do exílio e exercer plenamente seus direitos".

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