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Por que o acordo de paz entre Colômbia e Farc é histórico

22 jun 2016 - 17h31
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Os números do conflito na Colômbia são avassaladores: em seus 50 anos de duração, já resultou em 200 mil mortos, e 6,9 milhões de pessoas foram obrigadas a deixarem os locais onde vivem.

Mas finalmente a paz parece estar próxima: nesta quinta-feira, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo do país referendarão um acordo de cessar-fogo bilateral e definitivo.

O acordo será oficializado em Havana, que sedia as negociações, em uma cerimônia que terá a presença do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o chefe das Farc, Timoleón Jiménez, conhecido como "Timochenko".

Outras autoridades também participarão do ato na capital cubana, entre elas o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e os presidentes de Cuba, Raúl Castro, do Chile, Michelle Bachelet, e da Venezuela, Nicolás Maduro.

O acordo é formado por quatro pontos principais:

  • Cessar-fogo (e das hostilidades) bilateral e definitivo;
  • Desarmamento das Farc;
  • Garantias de segurança e luta contra organizações criminosas responsáveis por homicídios e massacres ou que ameaçam defensores dos direitos humanos e movimentos sociais e políticos;
  • Combate a condutas criminais que ameacem a construção da paz.

Trata-se de um fato histórico: um compromisso assumido entre ambas as partes, estabelecendo como será feito o desarmamento das Farc para que ela se constitua como uma força política.

"Nunca antes as Farc haviam aceitado abrir mão do uso de armas", diz Andrei Gómez Suárez, professor da Universidade de Los Andes e integrante da ONG Rodeemos el Diálogo, à BBC Mundo.

A máquina de guerra

A esse elemento, se soma o fato de ambas as partes terem aceitado renunciar ao uso da violência, acrescenta Jorge Restrepo, diretor do Centro de Recursos para Análise de Conflitos (CERAC).

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, participará da cerimônia em Cuba
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, participará da cerimônia em Cuba
Foto: Getty / BBC News Brasil

"As Farc deram uma demonstração contundente de que é possível controlar essa máquina de guerra e violência que é a organização", diz Restrepo, em referência ao cessar-fogo unilateral que a guerrilha mantém desde julho de 2015 e que tem sido correspondido pelas forças do Estado com uma redução das ofensivas contra o grupo.

Além disso, diz Suárez, o acordo a ser detalhado nesta quinta-feira também é um avanço em relação ao crédito dado pelas Farc ao governo colombiano.

"Eles confiam que o Estado pode oferecer garantias de segurança suficientes para renunciarem ao uso da violência."

Outro fator importante é o grande respaldo dado ao acordo, como é possível constatar pela presença de diversas autoridades internacionais na cerimônia.

Em dezembro, o governo e as Farc firmaram acordo de reparação à vítimas do conflito
Em dezembro, o governo e as Farc firmaram acordo de reparação à vítimas do conflito
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Faltam alguns passos para selar definitivamente o acordo com as Farc, e ainda não começaram as negociações formais com o Exército de Liberação Nacional (ELN), a segunda maior guerrilha do país.

Também persiste na Colômbia o problema gerado por grandes grupos criminosos armados.

Mesmo assim, o que acontecerá nesta quinta-feira no país o deixará mais do que nunca perto da paz.

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