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Mundo

Por que oposição da Venezuela rejeita vitória de Maduro

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, rejeitou a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais anunciadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

29 jul 2024 - 05h51
(atualizado em 30/7/2024 às 17h57)
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González e Machado disseram que a oposição venceu as eleições realizadas no domingo (28/7)
González e Machado disseram que a oposição venceu as eleições realizadas no domingo (28/7)
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, rejeitou o resultado da eleição presidencial de domingo (28/7) segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que declarou a vitória de Nicolás Maduro.

Machado diz ter todas as atas de votação que foram entregues aos observadores da oposição, que ainda estavam nos centros de votação da Venezuela à meia-noite no horário local.

A opositora afirmou na noite de segunda-feira (29), ao lado do candidato Edmundo González Urrutia, ter em mãos dados suficientes para comprovar a vitória dele sobre Maduro.

Segundo Machado, González Urrutia teria recebido 6,27 milhões de votos, enquanto Maduro teria tido 2,75 milhões. De acordo com ela, a oposição teria em seu poder 73,2% das atas de votação (algo como o boletim de urna no Brasil).

"Com as atas que nos faltam, mesmo que o CNE tenha dado 100% dos votos a Maduro, não alcançaria o que já temos. A diferença foi tão grande, tão grande, avassaladora, em todos os Estados da Venezuela, em todos os estratos, em todos os setores… Ganhamos", disse Machado.

Já o CNE afirmou que González teve 44,2% dos votos e Maduro, 51,1%.

"Ganhamos e todos sabem disso", disse Machado. "Isto não é uma fraude, é ignorar e violar a soberania popular. Não há forma de justificar isso, não com a informação que temos", acrescentou ela.

Já Maduro, na cerimônia em que foi oficialmente proclamado como presidente eleito, acusou os opositores e a "extrema direita" no exterior de tentarem desestabilizar o país.

"Não é a primeira vez que enfrentamos o que enfrentamos hoje. Está sendo feita uma tentativa de impor um golpe de Estado na Venezuela, novamente. De natureza fascista e contrarrevolucionária", disse Maduro, apontando que estariam em curso os "primeiros passos" para desestabilizar o país.

"Os mesmos países que hoje questionam o processo eleitoral venezuelano, a mesma extrema direita fascista... foram os que quiseram tentar impor ao povo da Venezuela, acima da Constituição, um presidente espúrio, usando as instituições do país", disse ele, em alusão à autoproclamação como presidente interino do deputado Juan Guaidó, em 2019.

Na Venezuela, cada local de votação emite uma ata, que é impressa diversas vezes.

Esse documento é, ao mesmo tempo, transmitido ao CNE e entregue aos observadores de cada partido.

Portanto, todos têm, em teoria, acesso aos resultados.

Machado afirmou que a oposição vai anunciar algumas medidas nos próximos dias.

"Agora cabe a nós defender a verdade, porque isso influencia a vida de todos", disse. "Todas as regras foram violadas. Nossa luta continua."

Ela convocou apoiadores da oposição a manifestarem pacificamente na manhã desta terça (30).

Elvis Amoroso (ao centro), um antigo aliado político de Maduro (à esquerda) e agora presidente do CNE
Elvis Amoroso (ao centro), um antigo aliado político de Maduro (à esquerda) e agora presidente do CNE
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

As eleições venezuelanas foram observadas pelo Carter Center, dos Estados Unidos, e pela Organização das Nações Unidas (ONU), duas entidades com pouca influência política e com fortes limitações para analisar as informações.

Durante a campanha, Machado percorreu o país — apesar de encontrar em todas as rodovias ou aeroportos postos de controle militar ou bloqueios espontâneos que fechavam o caminho da comitiva. A oposição relatou 130 prisões de militantes e ativistas.

Existem 8 milhões de venezuelanos no exterior, ou 15% da população total. Destes, apenas 1% puderam votar por causa das dificuldades no registo de eleitores em embaixadas e consulados.

O presidente do CNE, Elvis Amoroso, é um político ligado ao chavismo e atuou em entidades que impedem pessoas de concorrer às eleições.

Apesar disso, e das reclamações de que a votação não teve condições justas, como a inabilitação o de Machado, desde 2013 a oposição não via tantas possibilidades de derrotar o chavismo.

De acordo com sondagens divulgadas antes das eleições, a oposição apresentava vantagem.

As atas e as testemunhas

Edmundo González é o principal candidato da oposição
Edmundo González é o principal candidato da oposição
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

*Análise de Daniel Pardo, jornalista da BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC

Apesar do ceticismo, a oposição venezuelana participou das eleições porque tinha uma possibilidade de pensar que seria uma disputa parcialmente competitiva, com a participação de 90 mil testemunhas nos 30.026 locais de voto espalhados por todo o país.

Essas testemunhas poderiam transmitir os resultados ao vivo por meio das atas de votação impressas em cada centro.

Machado diz que as testemunhas da oposição conseguiram compilar os resultados de 40% das atas e que, com uma vantagem tão grande quanto a que ela alega, fica evidente a vitória de González.

A outra parcela dos registros segue aparentemente nos centros de votação, assim como muitas das testemunhas: 90 mil pessoas em todo o país que, segundo denúncias, sofreram assédio das autoridades ao longo do domingo (28/7).

Especialistas em eleições descreveram o pleito na Venezuela como o "mais oportunista" da história recente da Venezuela.

Porém, mesmo assim, a oposição diz que teve um resultado avassalador. E a prova estaria justamente nas tais atas de votação.

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