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Por que os e-mails de Hillary voltaram a ser foco nas eleições dos EUA?

29 out 2016 - 12h39
(atualizado às 13h33)
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Na última sexta-feira, o FBI anunciou que havia reaberto a investigação sobre o uso de um e-mail particular por Hillary com propósitos de trabalho enquanto ela era a Secretária de Estado americana, entre 2009 e 2013.

A notícia veio a pouco mais de 10 dias da eleição, que decidirá entre ela, a candidata democrata, e Donald Trump, o candidato republicano, para substituir Barack Obama na Presidência dos Estados Unidos.

A reação do adversário foi imediata. Segundo Trump, "esse é o maior escândalo político desde o Watergate", caso da década de 1970, em que descobriu-se que a invasão ao Comitê Nacional do Partido Democrata havia sido feita a pedido do então candidato à Presidência republicano, Richard Nixon, para colocar escutas telefônicas no local. O escândalo resultou na renúncia de Nixon.

Diante da repercussão, Hillary Clinton também se manifestou e pediu ao FBI que explicasse o quanto antes por que resolveu reabrir a investigação. "Os americanos merecem saber com detalhes todos os fatos imediatamente", ela disse. "É essencial que as autoridades expliquem o que está em questão, o que quer que seja, sem atrasos", afirmou aos jornalistas.

O FBI, por sua vez, afirma que encontrou novos e-mails ligados ao uso de um servidor privado na época em que que Hillary era Secretária de Estado. Os e-mails mais recentes foram descobertos como parte de uma outra investigação separada que envolve o ex-marido da assessora de Hillary, Huma Abedin.

Equipamentos dela e do ex, Anthony Weiner, que era um deputado de alto escalão do Congresso americano, foram apreendidos em uma investigação para descobrir se ele havia enviado emails "de conteúdo sexual explícito" a uma garota de 15 anos da Carolina do Norte.

Repercussão

A descoberta de novos e-mails envolvendo Hillary Clinton foi revelada pelo director do FBI, James Comey, em uma carta ao Congresso, na última sexta-feira.

A candidata democrata disse que "está confiante que a nova investigação não irá encontrar nada diferente do que a antiga", que terminou sem comprovar nada contra Hillary.

Na reta final para a eleição, e-mails enviados de servidor particular podem abalar campanha de Hillary Clinton
Na reta final para a eleição, e-mails enviados de servidor particular podem abalar campanha de Hillary Clinton
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

À época, o FBI decidiu que ela não deveria ser processada pelo uso do e-mail em um servidor privado quando ainda ocupava o cargo de Secretária de Estado.

O mesmo Comey disse, em julho, ao término da investigação, que a forma como Hillary tratou um material sensível durante seu mandato como Secretária de Estado foi "bastante descuidada", mas a inocentou de qualquer ação criminosa.

Um assessor de sua campanha, James Rubin, disse à BBC que provavelmente tudo isso não deverá passar de "uma tempestade em um copo d'água".

Enquanto isso, Trump aproveitou o momento para atacar a adversária. "Todos esperam que a justiça seja feita." "O FBI jamais teria reaberto esse caso agora se não houvesse uma ofensa criminal grave."

Campanha

Ainda no ano passado, quando não havia sido confirmada como candidata oficial dos Democratas, a revelação da investigação sobre o uso do e-mail privado de Hillary Clinton abalou sua campanha.

Agora, com a reabertura do processo às vésperas das eleições, os assessores de Hillary criticam a "época extraordinária" para trazer o caso de volta à tona.

Enquanto John Podesta, chefe da campanha da Democrata, reclama da ação do FBI em cima das eleições, o lado de Donald Trump tenta se aproveitar do fato novo para reagir na corrida eleitoral.

Paul Ryan, o prestigiado republicano eleito sete vezes para o Congresso, disse que essa decisão do FBI deveria ter sido tomada "há muito tempo".

"Confiaram a ela alguns dos segredos mais importantes do nosso país, e ela traiu essa confiança descuidando dessas informações", ele disse.

O uso do email particular de Hillary Clinton quando era Secretária de Estado foi revelado em março do ano passado pelo jornal New York Times. Na época, ela justificou o ato dizendo que era apenas "conveniência". Depois, porém, ela pediu desculpas aos eleitores por diversas vezes.

Atualmente, as mais recentes pesquisas de opinião mostram Hillary Clinton quatro pontos à frente de Trump.

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