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Por que os EUA apreenderam um avião oficial usado por Maduro?

Autoridades dos Estados Unidos confiscaram um avião utilizado pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro; a aeronave, que se encontrava na República Dominicana, foi levada para o sul da Flórida

2 set 2024 - 17h22
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Nicolás Maduro utilizava avião para viagens oficiais
Nicolás Maduro utilizava avião para viagens oficiais
Foto: Getty / BBC News Brasil

Autoridades dos Estados Unidos confiscaram um avião utilizado pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A aeronave, que se encontrava na República Dominicana, foi levada para o sul da Flórida.

O Departamento de Justiça americano especificou que o avião foi apreendido a pedido dos Estados Unidos, devido a "violações das leis de controle de exportação e sanções dos EUA".

"Esta manhã (2 de setembro), o Departamento de Justiça apreendeu um avião que alegamos ter sido comprado ilegalmente por 13 milhões de dólares através de uma empresa de fachada e contrabandeado para fora dos Estados Unidos para ser usado por Nicolás Maduro e seus capangas", disse o procurador-geral Merrick B. Garland, de acordo com nota do Departamento de Justiça.

Garland acrescentou que as investigações continuarão "evitando que os recursos dos EUA sejam usados para minar a segurança nacional dos EUA".

A apreensão ocorre pouco mais de um mês depois das eleições de 28 de julho, nas quais Maduro foi proclamado vencedor, sem apresentar as atas de votação e apesar das denúncias de fraude por parte da oposição.

O governo do presidente Joe Biden não reconhece a vitória de Maduro, depois que o candidato da oposição, Edmundo González, e a líder María Corina Machado, publicaram 81,7% das atas, que apontam para a vitória da oposição.

Edmundo González e Maria Corina Machado exigem que Maduro apresente as atas de votação.
Edmundo González e Maria Corina Machado exigem que Maduro apresente as atas de votação.
Foto: Getty / BBC News Brasil

'Compra ilegal'

A declaração do Departamento de Justiça dos EUA detalhou que no final de 2022 e início de 2023, "indivíduos associados a Maduro supostamente usaram uma empresa de fachada com sede no Caribe para esconder sua participação na compra ilegal da aeronave Dassault Falcon 900EX de uma empresa com sede no sul da Flórida".

Depois, em abril de 2023, o avião teria sido exportado ilegalmente dos Estados Unidos para a Venezuela por meio do Caribe.

O avião chegou a Caracas depois de passar por Kingstown, em São Vicente e Granadinas, segundo dados do site Flightradar24, informou a BBC News.

Não está claro quando o avião chegou à República Dominicana. Os dados disponíveis sobre as rotas do voo indicam que ele decolou na segunda-feira do aeroporto de La Isabela, perto de Santo Domingo, e chegou pouco depois ao aeroporto de Fort Lauderdale, na Flórida.

"Desde maio de 2023, o Dassault Falcon, com código de cauda T7-ESPRT, voa quase exclusivamente de e para uma base militar na Venezuela e tem sido usado para beneficiar Maduro e seus representantes, incluindo o transporte de Maduro em visitas a outros países."

Em agosto de 2019, o então presidente dos EUA, Donald Trump, emitiu a Ordem Executiva 13.884, que proíbe os americanos de se envolverem em transações com pessoas que agiram ou pretenderam agir direta ou indiretamente para ou em nome do governo da Venezuela, inclusive como membros do grupo Maduro.

'Uma mensagem clara'

"Que esta apreensão envie uma mensagem clara: aeronaves adquiridas ilegalmente nos Estados Unidos para o benefício de autoridades venezuelanas sancionadas não podem simplesmente voar até o pôr do sol", disse o subsecretário de Controle de Exportação do Departamento de Comércio, Matthew S. Axelrody, de acordo com a nota de o Departamento de Justiça.

"Não importa quão sofisticado seja o jato privado ou quão poderosos sejam os funcionários, trabalharemos incansavelmente com os nossos parceiros aqui e em todo o mundo para identificar e devolver qualquer aeronave contrabandeada ilegalmente para fora dos Estados Unidos", acrescentou.

O procurador federal do Distrito Sul da Florida, Markenzy Lapointe, disse que a apreensão foi possível com a colaboração do governo da República Dominicana, país com o qual Maduro rompeu relações após as controversas eleições em julho.

Esta não é a primeira vez que Maduro ou o governo da Venezuela são alvos de autoridades federais dos EUA por suposta corrupção.

Em 2020, o Departamento de Justiça acusou Maduro e 14 outras autoridades venezuelanas de narcoterrorismo, corrupção e tráfico de drogas, entre outros crimes.

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