Por que Trump tem interesse no Canal do Panamá e na Groenlândia?
Conheça a história por trás das duas regiões
Desde que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que gostaria de reaver o Canal do Panamá e de anexar a Groenlândia, a estreita via aquática que liga o oceano Atlântico ao Pacífico e a imensa ilha dinamarquesa no extremo-norte do planeta entraram nos holofotes internacionais.
Com 81,1 quilômetros de extensão, o Canal do Panamá foi construído pelos americanos entre 1907 e 1914, depois que o então presidente Theodore Roosevelt quis retomar um projeto idealizado no século 19 para a criação de uma passagem entre os dois oceanos. O território era controlado pela Colômbia na época, mas uma revolta apoiada pelos EUA levou à formação da República do Panamá em 1903.
No mesmo ano, Washington e a nova nação assinaram um tratado que dava aos americanos o controle sobre uma faixa de terra de 16 quilômetros de largura para construir o canal, em troca de ajuda financeira. A obra foi concluída em 1914, e estima-se que cerca de 5,6 mil pessoas morreram durante a construção. A praticidade do canal foi demonstrada durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi usado como passagem estratégica dos Aliados entre os oceanos.
Mas a relação entre os EUA e o Panamá começou a desmoronar devido a divergências sobre o tratamento dos trabalhadores panamenhos, até que, em janeiro de 1964, os dois países cortaram relações diplomáticas. Foi o recém-falecido Jimmy Carter quem chegou a um acordo, em 1977, que culminaria na entrega ao Panamá, em 1999, do controle total sobre o canal.
Hoje Trump tem interesse na passagem por motivos econômicos, já que as autoridades do Panamá impuseram tarifas cada vez mais altas e restrições comerciais. Além disso, desde 2017, quando rompeu ligações com Taiwan, o país centro-americano tem ampliado relações diplomáticas com a China.
Em relação à Groenlândia, maior ilha do mundo, o interesse do republicano se deve a motivos militares e comerciais.
O território tornou-se colônia da Dinamarca em 1721, mas durante a Segunda Guerra Mundial, os dinamarqueses perderam o domínio econômico e político da ilha, que se aproximou dos EUA e do Canadá.
Após o conflito o controle regressou à Dinamarca, sendo que em 1953 o estatuto colonial foi transformado em condado ultramarino. Em 1979 a Groenlândia passou a ter direito ao autogoverno, vindo a deixar a Comunidade Econômica Europeia por referendo em 1985.
Não é por acaso que Trump enviou agora seus emissários ao local: em seu discurso no início do ano, o primeiro-ministro groenlandês, Múte Egede, sugeriu que um referendo sobre a independência da ilha poderia ser realizado em breve. A data pode vir a coincidir com as eleições parlamentares regionais, previstas para até 6 de abril. .