Pornografia, desenhos animados e planos da Al-Qaeda: o que a CIA revelou sobre os arquivos de Osama Bin Laden
Agência de inteligência americana divulgou documentos apreendidos na casa em que líder da organização extremista estava escondido e foi morto, em 2011, no Paquistão.
Do filme A Era do Gelo à uma tradução em árabe de trechos do livro Obama's Wars (As Guerras de Obama), no qual o jornalista investigativo Bob Woodward analisa a estratégia dos Estados Unidos em relação ao Afeganistão.
Esses são alguns arquivos encontrados no computador de Osama Bin Laden. É o que mostra o último lote de documentos divulgado pela CIA (agência de inteligência dos EUA), após a apreensão realizada pelas forças americanas na casa onde o então líder da Al Qaeda estava escondido e foi morto, em 2011, na cidade de Abbottabad, no Paquistão.
Diversas crianças e mulheres moravam com Bin Laden no esconderijo. São cerca de 470 mil arquivos, incluindo vídeos, áudios e até mesmo o diário pessoal de Bin Laden.
O casamento do 'herdeiro'
Segundo o diretor da CIA, Mike Pompeo, há cerca de 10 mil vídeos, e alguns dão pistas sobre "os planos e atuação da organização terrorista".
Há também gravações, até então desconhecidas, do casamento de Hamza, considerado o filho favorito de Bin Laden e que vem sendo cotado como futuro líder da Al-Qaeda.
Nos últimos anos, a organização extremista islâmica enviou mensagens de áudio em que Hamza ameaça os Estados Unidos, convoca a derrubada do governo saudita e encoraja os jihadistas a lutarem na Síria.
No entanto, as imagens dele que tinham sido divulgadas até agora eram da sua infância e adolescência.
Osama Bin Laden não aparece no vídeo do casamento. Mas, de acordo com uma análise feita pela Fundação para Defesa de Democracias (FDD), foram identificados outros militantes de alto escalão, como Mohammed Islambouli, irmão do homem que, em 1981, matou o líder egípcio Anwar Sadat.
Os planos da Al Qaeda
Entre os arquivos divulgados, há 228 páginas escritas à mão pelo ex-líder da Al-Qaeda. Nos textos, Bin Laden aborda diversas questões, incluindo a Primavera Árabe, série de protestos e revoltas que tem início em 2010 e que, aparentemente, ele não havia antecipado, diz a FDD.
Os documentos mostram ainda que, até sua morte, Bin Laden foi responsável pela organização e manteve contato com subordinados em todo o mundo.
Em nota à imprensa, a CIA informou que os materiais divulgados agora também oferecem pistas que ajudam a entender a origem da cisão entre a Al-Qaeda e o grupo extremista autodenominado Estado Islámico, que é uma dissidência da organização de Bin Laden, assim como divergências estratégicas, de doutrinas e religiosas.
Os arquivos revelam ainda informações sobre os esforços da Al-Qaeda para usar a Primavera Árabe em benefício próprio e alavancar a jihad global, além de iniciativas para tentar melhorar sua imagem no mundo muçulmano.
Documentários e pornografia
Segundo a CIA, o material divulgado se encontra na versão original em árabe, mantido o mais fiel possível ao formato original, tendo sido modificado apenas para evitar que seja editado.
A agência de inteligência dos EUA alegou que os arquivos encontrados no complexo de Abbottabad e que não foram revelados incluem de informações sensíveis, que não podem ser divulgadas por questões de segurança, a pornografia, além de softwares nocivos, material defeituoso, duplicado ou protegido por leis de direitos autorais.
Entre os achados, há vários vídeos do YouTube sobre técnica de tecelagem, incluindo um chamado Como tecer uma flor. Foram encontrados também diversos filmes de animação (FormiguinhaZ, Carros, O Galinho Chicken Little e A Era do Gelo 3) e de ação (Batman: O Cavaleiro das Trevas e Resident Evil), assim como o videogame Final Fantasy VII.
Documentários da BBC, como Great Wildlife Moments (Grandes Momentos da Vida Selvagem) e vários da National Geographic, como Kung Fu Killers (Assassinos do Kung Fu), Inside the Green Berets (Por Dentro dos Boinas Verdes) e Predators at War (Predadores em Guerra).
Além disso, o então líder da Al Qaeda colecionava documentários sobre sua própria trajetória. Fica a dúvida se a posse desses três documentários tinha objetivo estratégico ou era um simples um gesto de narcisismo.