Posse de Javier Milei se tornou uma espécie de 'festa da direita'; veja quem participou
Lideranças como Viktor Orbán, da Hungria, e Volodimir Zelenski, da Ucrânia, estiveram presentes na cerimônia em Buenos Aires; Gabriel Boric, do Chile, foi uma exceção à esquerda
Javier Milei tomou posse como presidente da Argentina neste domingo, 10. Na cerimônia de posse, estiveram presentes líderes de países vizinhos, mas também representantes da direita latino-americana e mundial, como o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, o primeiro-ministro da Hungria Viktor Orbán e o líder do partido espanhol Vox, Santiago Abascal. O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, também esteve em Buenos Aires, como forma de agradecimento ao apoio dado por Milei ao seu país.
O presidente brasileiro, Lula da Silva, não esteve presente e enviou o chanceler Mauro Vieira para representá-lo. Milei fez diversas críticas a Lula durante a campanha, embora posteriormente tenha enviado sua ministra das relações exteriores a Brasília para convidá-lo para a cerimônia. Nenhum chefe de governo do G-20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, esteve presente. Confira a lista dos líderes presentes.
Jair Bolsonaro, ex-presidente brasileiro
Ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro esteve em Buenos Aires ao lado de uma comitiva de outros representantes da direita brasileira. Bolsonaro e Milei trocaram elogios mútuos por meio das redes sociais, e um pediu votos para o outro durante as campanhas eleitorais no Brasil em 2022 e na Argentina em 2023. Apesar de ainda ser considerado uma liderança no campo conservador, Bolsonaro está inelegível e não poderá disputar as próximas eleições brasileiras.
AMÉRICA LATINA
Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai
Presidente do campo da centro-direita uruguaia, Lacalle Pou foi um dos líderes latino-americanos a marcar presença. É filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle, que governou o Uruguai entre 1990 e 1995, e tenta garantir boas relações com um dos vizinhos de seu país. O mandato de Lacalle Pou termina em 2024 e no Uruguai não há possibilidade de reeleição - no entanto, com a reprovação em 48% e a aprovação em baixa, a oposição de esquerda parece favorita para vencer a disputa do próximo ano.
Gabriel Boric, presidente do Chile
Jovem presidente do Chile (tem 37 anos), Boric foi uma exceção da esquerda na cerimônia de posse. Com longa história no movimento estudantil chileno, tem enfrentado dificuldades para governar. Tem a aprovação baixa e viu a oposição de direita dominar a assembleia que discute uma nova constituição para o país, após a população rejeitar em plebiscito a carta defendida por ele.
Santiago Peña, presidente do Paraguai
Presidente do Paraguai desde agosto de 2023, Peña é do partido Colorado, o mais tradicional do país, e ligado ao ex-presidente Horacio Cartes, de quem foi ministro da Fazenda. Conservador, se opõe ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Também é economista e, durante a campanha, prometeu aumentar impostos dos mais ricos no Paraguai - a nação tem uma das menores cargas tributárias do mundo.
Nayib Bukele, presidente de El Salvador
Embora seu país seja pequeno e não faça fronteira com a Argentina, Bukele é uma das presenças mais significativas, já que seu mandato costuma ser elogiado pela direita latino-americana. Presidente salvadorenho desde 2019 e também muito jovem (42 anos), Bukele se notabilizou pela linha-dura no combate às gangues no país e por tomar medidas liberais como tornar o bitcoin a moeda em curso no país. Contudo, também é acusado de medidas autoritárias, como de mandar as forças armadas invadirem o parlamento, e de ser um ditador. Ele mesmo já fez piada com isso, se definindo como o "ditador mais descolado do mundo".
OUTRAS REGIÕES
Volodimir Zelenski, presidente da Ucrânia
Bastante conhecido no mundo por liderar seu país após a invasão russa, Zelenski esteve pela primeira vez na América do Sul após o início do conflito. O encontro foi visto como uma forma de agradecer a Milei pelo apoio dado. Antes ator e humorista, hoje tem que lidar com a guerra e, principalmente, garantir fontes de financiamento para que a Ucrânia possa continuar enfrentando a Rússia, em meio a um cenário de poucos avanços dos dois lados.
Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria
Outro considerado líder da extrema-direita mundial, Orbán ocupa o cargo de primeiro-ministro desde 2010. Tem política anti-imigração, antiaborto e anti-direitos LGBT. Considera-se que limita a liberdade de imprensa na Hungria e que tenha aparelhado o poder Judiciário no país. Critica constantemente a União Europeia e suas políticas liberais nos costumes, e ameaça sair do bloco, mas não inicia o processo de saída, nem deixa de aceitar os investimentos vindos do bloco.
Felipe 6º, rei da Espanha
Representante da monarquia espanhola, antiga colonizadora da Argentina. Assumiu o cargo em 2014, após uma crise que levou à abdicação de seu pai, o rei Juan Carlos, e envolveu corrupção e a caça de elefantes em Botswana. Desde então, tenta recuperar o prestígio da casa real, e constantemente representa a Espanha em posses presidenciais das ex-colônias.
Santiago Abascal, líder do partido de ultradireita Vox e deputado espanhol
Político conservador, Abascal é presidente do partido de ultradireita Vox desde 2014. Tem como principal plataforma a anti-imigração, além de ser contra os direitos LGBT e contra maior autonomia para as regiões da Catalunha e do País Basco. É deputado desde 2019.