O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, disse nesta terça-feira que as eleições locais lhe deram um mandato para "liquidar" os inimigos que, segundo ele, planejam um escândalo de corrupção, e prometeu investigar as atividades internacionais dos adversários e suas fontes de financiamento.
Em seu primeiro discurso parlamentar desde que o partido AK dominou as eleições municipais de 30 de março, Erdogan disse que "traidores" responsáveis por uma série de acusações e por escutas ilegais de milhares de telefonemas seriam punidos.
Erdogan acusa o clérigo islâmico Fethullah Gulen, um ex-aliado que agora vive exilado nos Estados Unidos, de orquestrar o escândalo para minar seu governo. A rede Hizmet, de Gulen, afirma ter milhões de seguidores e mantém sua influência na polícia e no judiciário.
Erdogan acusou o movimento de promover um "Estado paralelo", espionando milhares de funcionários do governo ao longo dos anos e vazando gravações manipuladas em uma tentativa de derrubá-lo antes das eleições do mês passado.
"Dia 30 de março é o dia em que a página da tutela foi virada, quando os monumentos da arrogância foram derrubados, e os privilégios (de uma elite) foram perdidos para sempre", disse Erdogan.
"A nação nos deu um mandato para a liquidação do estado paralelo. Nós não teremos a menor hesitação. Nós nunca esqueceremos a traição", disse.
Erdogan disse ainda que o governo vai acompanhar o que ele chamou de ligações internacionais da rede e investigar todas as "verbas e doações coletadas ilegalmente".
Outubro de 2012 - o governo de Ankara proíbe uma marcha planejada para o Dia da República, sob a alegação de que serviços de segurança do Estado receberam a informação de que grupos pretendiam causar tumultos. Ainda assim, milhares de pessoas, incluindo o líder do maior partido da oposição, desconsideram a ordem e desafiaram os policiais, que reagiram com lançamento de jatos d'água
Foto: AFP
Fevereiro de 2013 - milhares de mulheres turcas protestam contra declaração do primeiro-ministro Erdogan de que considera o aborto um assassinato. Na Turquia, o aborto é legal nas 10 primeiras semanas de gestação quando há consentimento da mulher e do marido
Foto: AFP
Abril de 2013 - começam as escavações para a construção da controversa mesquita Camlica, em Istambul, de mais de 55 mil metros quadrados e com capacidade para até 30 mil fieis. O projeto recebe críticas da população, que, além de julgar a construção desnecessária, acredita que ela causará grandes danos ao meio ambiente
Foto: Reprodução
Abril de 2013 - conhecido mundialmente, o renomado pianista turco Fazil Say é condenado a 10 meses de prisão por insultar as crenças religiosas de uma parcela da população. O fato causa revolta de simpatizantes do músico, ateu e opositor de Erdogan
Foto: AFP
Maio de 2013 - policiais recorrem à violência para dispersar manifestantes que participam do May Day, na praça Taksim. A população protesta contra o fechamento da praça, considerada necessária pelo governo para a sua renovação
Foto: AP
Dois carros-bomba matam 52 pessoas e ferem outras 140 em Reyhanli, na fronteira com a Síria. O governo turco acusa o governo sírio de estar envolvido no atentado, mas moradores locais culpam a própria política turca
Foto: AP
Erdogan se encontra com o presidente Barack Obama para discutir, entre outros assuntos, a crise na Síria. Ambos reforçam o compromisso de derrubar o presidente Bashar al-Assad, apesar da crescente impopularidade de Erdogan entre os cidadãos turcos
Foto: AP
O governo turco aprova a lei que proíbe a venda de bebidas alcóolicas entre 22h e 6h, o patrocínio de eventos por empresas de bebidas e o consumo de álcool a menos de 100 metros de mesquitas. A lei é aprovada duas semanas após ser proposta, sem que a população tenha sido consultada
Foto: AP
Em resposta à advertência feita por Erdogan contra demonstrações de afeto em público, dezenas de casais organizam um beijaço em uma estação de metrô na cidade de Ankara
Foto: AP
Manifestantes ambientalistas acampam no Parque Gezi para evitar sua demolição. Conforme a manifestação é violentamente contida pela polícia, outros protestos se espalham em outras regiões
Foto: AP
Maio de 2013 - forças de segurança usam gás de pimenta e jatos d'água para dispersar manifestantes. Centenas de pessoas ficam feridas e dezenas são presas. O Ministro do Interior comunica que o uso desproporcional da força por parte dos policiais será investigado
Foto: AP
Junho de 2013 - o primeiro-ministro Erdogan critica as redes sociais , especialmente o Twitter, classificando o microblog como uma ameaça e uma "versão extrema da mentira". Grupos de manifestantes lotam a praça Taksim e há novos confrontos. A mídia pró-governo acusa a rede de TV americana CNN de mostrar a Turquia em estado de guerra civil
Foto: AP
Agosto de 2013 - pessoas formam correntes humanas para pedir paz e intervenção na Síria
Foto: AP
Dezembro de 2013 - escândalos de corrupção envolvendo o primeiro-ministro e seu filho vem à tona, e recomeçam os protestos contra o regime
Foto: AP
Janeiro de 2014 - ligações telefônicas publicadas na internet reforçam as acusações de corrupção contra o primeiro-ministro Erdogan, e o governo ameaça exercer maior controle sobre a rede, dando origem a novas marchas
Foto: AP
Março de 2014 - o Governo bloqueia o Twitter e, depois, o Youtube. Milhares de pessoas participam do funeral de um adolescente morto, que ficou meses em coma depois de ter sido atingido por uma lata de gás de pimenta durante manifestações contra o governo. A população pede a renúncia do primeiro-ministro Erdogan
Foto: AP
Compartilhar
Publicidade
Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.