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Premier italiano pede fim de ingerência externa na Líbia

Giuseppe Conte recebeu o primeiro-ministro Fayez al-Sarraj

11 jan 2020 - 14h41
(atualizado às 15h02)
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O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, cobrou neste sábado (11) o fim das "interferências externas" na Líbia, teatro de guerras de milícias desde a queda de Muammar Kadafi, em 2011.

Giuseppe Conte recebe Fayez al-Sarraj em Roma
Giuseppe Conte recebe Fayez al-Sarraj em Roma
Foto: EPA / Ansa - Brasil

A declaração foi dada após uma reunião de quase três horas com o primeiro-ministro de união nacional do país africano, Fayez al-Sarraj, cujo governo é alvo de uma ofensiva liderada pelo marechal Khalifa Haftar, recebido por Conte na última quarta-feira (8).

"Estamos extremamente preocupados pela escalada da tensão na Líbia. Os últimos acontecimentos estão tornando o país um barril de pólvora com fortes repercussões em toda a região. É preciso parar o conflito interno e as interferências externas", disse Conte.

A Líbia é ex-colônia da Itália, que há anos tenta mediar uma solução para os confrontos no país, mas recentemente viu sua influência perder espaço para o ativismo externo da Turquia, que apoia Sarraj, e da Rússia, que dá apoio tácito a Haftar.

Na semana passada, o Parlamento turco aprovou o envio de tropas para ajudar o governo de união nacional, enquanto diversas reportagens da imprensa internacional já denunciaram a presença de mercenários russos lutando ao lado do marechal.

Nos últimos dias, os presidentes Vladimir Putin e Tayyip Erdogan propuseram uma trégua na Líbia, mas a oferta foi rechaçada por Haftar. "A Itália, coerentemente, sempre trabalhou por uma solução política, para combater a opção militar, sendo a opção política a única perspectiva para garantir ao povo líbio bem-estar e prosperidade", acrescentou Conte.

O primeiro-ministro viajará à Turquia e ao Egito no início da próxima semana para tentar recuperar a influência italiana nas negociações.

Entenda a crise

A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e desde então é palco de conflitos entre milícias.

De um lado, está o governo de união nacional guiado por Sarraj e apoiado pelos grupos armados de Trípoli e Misurata, pela ONU, pela Itália e pela Turquia; do outro, o Parlamento de Tobruk, fiel a Haftar, que tem apoio do Egito e dos Emirados Árabes.

O marechal, que busca derrotar o Islã político, e o Parlamento de Tobruk não reconhecem a legitimidade do governo Sarraj - instituído por uma conferência de paz no Marrocos, em 2015 - e controlam a maior parte do país, principalmente o leste e o desértico sul.

Ex-aliado de Kadafi, Haftar ajudou o coronel a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o ditador em 1987, após ter sido capturado no Chade. De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas, viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania americana.

Haftar se inspira no presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, que deu um golpe militar em 2013 para derrubar o islamista Mohamed Morsi e o governo da Irmandade Muçulmana, colocada na ilegalidade.

Ansa - Brasil
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