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Presidente da Itália intervém em crise imigratória e irrita ministro de direita

13 jul 2018 - 11h04
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O presidente da Itália, Sergio Mattarella, fez uma intervenção política rara para encerrar uma disputa na coalizão governista causada por um barco de imigrantes, irritando o ministro do Interior de direita Matteo Salvini.

Presidente da Itália, Sergio Mattarella, fala durante conferência de imprensa em Riga, Letônia. 3/06/2018. REUTERS/Ints Kalnins
Presidente da Itália, Sergio Mattarella, fala durante conferência de imprensa em Riga, Letônia. 3/06/2018. REUTERS/Ints Kalnins
Foto: Reuters

Mattarella procurou o primeiro-ministro Giuseppe Conte na noite de quinta-feira para expressar sua preocupação com o sofrimento dos 67 imigrantes resgatados no mar e levados a um porto da Sicília. Salvini tinha recusado a permitir que eles desembarcassem.

O navio foi conduzido ao porto de Trapani com a aprovação do ministro dos Transportes, Danilo Toninelli, mas Salvini ordenou que ninguém deixasse a embarcação até que uma suposta conduta violenta de alguns dos imigrantes fosse investigada.

Toninelli é do partido antiestablishment Movimento 5 Estrelas, e Salvini comanda seu parceiro de coalizão, o partido de direita e anti-imigração Liga.

Depois de receber o telefonema da Mattarella, Conte, um acadêmico que é próximo do 5 Estrelas, mas não filiado a nenhuma das siglas, ordenou que os imigrantes tenham permissão de deixar o barco. Salvini disse ter sabido da decisão do presidente com "pesar e perplexidade".

Tem havido momentos de tensão nas relações entre Salvini e Mattarella, que tem um papel essencialmente cerimonial e só intervém na política em circunstâncias excepcionais.

Depois das eleições inconclusivas de março, Mattarella rejeitou o pedido de Salvini para ser nomeado premiê, e nesta semana se recusou a defender a Liga depois que um tribunal ordenou que seus fundos sejam confiscados devido a um caso de corrupção.

Salvini tuitou nesta sexta-feira que não deixará o caso do barco de imigrantes passar, e usou letras letras maiúsculas para dizer que alguém "tem que pagar" se os imigrantes foram violentos.

Os imigrantes foram recolhidos no litoral da Líbia por um navio de abastecimento com bandeira italiana na segunda-feira e depois foram transferidos para um navio da Guarda Costeira, o Diciotti.

Horas antes de Mattarella se envolver no caso, Salvini prometeu não autorizar o desembarque, dizendo: "Se alguém faz isso em meu lugar, assumirá a responsabilidade judicial, moral e política por isso".

A Liga e o 5 Estrelas, que eram rivais antes da eleição, formaram uma coalizão em 1º de junho, prometendo conter a imigração apesar de o número de recém-chegados da Líbia ter diminuído 85 por cento neste ano.

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