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Presidente do Cazaquistão autoriza militares a atirar para matar

Tokayev diz que ações seguem até destruição total dos militantes

7 jan 2022 - 13h26
(atualizado às 14h05)
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Após quase uma semana de protestos civis, o presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, afirmou nesta sexta-feira (7) que deu ordem para que as forças de segurança que tentam reprimir os atos atirem para matar os manifestantes.

Governo ordenou matar manifestantes que não saírem das ruas
Governo ordenou matar manifestantes que não saírem das ruas
Foto: EPA / Ansa - Brasil

"Dei ordem para atirar para matar sem aviso prévio. Os terroristas continuam danificando propriedade e usando armas contra os cidadãos. As forças de ordem estão trabalhando duramente e a ordem constitucional já foi retomada em quase todas as regiões", disse Tokayev em pronunciamento transmitido pela televisão.

Ainda no discurso, o mandatário afirmou que as operações continuarão a acontecer "até a destruição total dos militantes".

Também nesta sexta, o Ministério do Interior confirmou a morte de 26 pessoas que estavam nos protestos, chamando-os de "criminosos armados", e que feriu outras 18. No entanto, o número pode ser muito maior, já que na quinta-feira (6), a própria pasta informou que havia "dezenas" de mortos.

A pior situação ainda é em Almaty, com cenas de guerra na principal praça da cidade. A prefeitura foi incendiada, restando apenas o prédio de pé, além de diversos carros incendiados e lojas destruídas. A agência estatal russa de notícias Tass chegou a divulgar um vídeo do local em que militares com fuzis abriam fogo contra os manifestantes.

Os protestos começaram no domingo (2) nas regiões petrolíferas por conta do aumento no preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), que é usado tanto nas residências como nos veículos. De lá, se espalharam por todo o país, também incluindo outras pautas.

A nação, que só teve dois presidentes desde que deixou de ser um república soviética em 1991, tem um governo altamente autoritário e protestos do tipo são muito raros. O último de grandes proporções ocorreu em 2019 e forçou o então líder do país, Nursultan Nazarbayev, a deixar o cargo que ocupava desde 1984.

Porém, o político continua a exercer influência intensa sobre a vida nacional.

Manifestações internacionais

Nesta sexta-feira, dois países aliados do governo cazaque se manifestaram pela primeira vez desde o início dos protestos.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Saeed Khatibzadeh, acusou "alguns atores estrangeiros" de causarem a crise no país por conta dos combustíveis fósseis.

"Eles estão tirando vantagem da situação e tentam provocar desordens e instabilidades", disse o representante definindo o Cazaquistão como um "país amigo e irmão". "A estabilidade e a segurança são de particular importância para o país e, por esse motivo, nós desejamos que o processo para restabelecer a paz seja completado o mais rápido possível".

Quem também falou sobre a crise foi a China, que defendeu as "medidas adotadas pelo governo para combater o terrorismo e para defender a estabilidade".

Para um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, a China "apoia todos os esforços para resolver a situação e se opõe com força às forças externas que incitam a violência e o caos na região".

A agência estatal Xinhua divulgou também uma fala do presidente chinês, Xi Jinping, elogiando Tokayev. "O senhor tomou medidas enérgicas em um momento crítico, rapidamente acalmou a situação, mostrou responsabilidade e compromisso como um estadista altamente responsável para o país e para o povo", destacou Xi.

Mesmo sem citar nomes, as falas dos dois países se alinham com os discursos da Rússia, de que os Estados Unidos estariam por trás dos protestos - algo que foi veemente negado por Washington.

Como é uma ex-república soviética, o Cazaquistão tem os russos como principais aliados. Inclusive, foram tropas militares do país que chegaram nesta quinta-feira por meio de uma aliança com outros países da região. .

Ansa - Brasil
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