Primeiro-ministro interino da Groenlândia se irrita após os EUA anunciarem visita ao território: 'Democracia deve ser respeitada'
Trump já expressou o desejo de assumir o controle da região, considerada importante para a segurança americana
O premiê interino da Groenlândia, Mute Egede, criticou como 'interferência estrangeira' a visita de uma delegação americana, sinalizando tensões em meio a negociações para formar um novo governo após eleições recentes.
O primeiro-ministro interino da Groenlândia, Mute Egede, se irritou e chamou de "interferência estrangeira" a visita prevista nesta semana de uma delegação americana ao território autônomo dinamarquês cobiçado por Donald Trump. O presidente dos Estados Unidos já expressou em várias ocasiões o desejo de assumir o controle da região, considerada importante para a segurança americana diante da Rússia e da China.
"Nossa integridade e nossa democracia devem ser respeitadas sem qualquer interferência estrangeira", escreveu Mute Egede no Facebook. "Os americanos foram claramente informados que só podem acontecer reuniões após a posse do novo governo [depois das recentes eleições legislativas]", acrescentou.
A Casa Branca anunciou no domingo, 23, que a esposa do vice-presidente JD Vance, Usha Vance, fará uma visita oficial à Groenlândia de quinta-feira, 27, a sábado, 29, para assistir, entre outros eventos, a uma corrida de cães de trenó. Ela estará acompanhada do conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Mike Waltz, e do secretário de Energia, Chris Wright.
As visitas acontecem em um momento delicado para a Groenlândia, em plena negociação para formar uma coalizão de governo. Desde a derrota de seu partido de esquerda ecologista, o Partido do Povo Inuíte, Egede governa a região de forma interina, antes da formação de um novo governo.
"À nova administração americana não importa o que construímos juntos. Seu único objetivo é apoderar-se do nosso país, sem nos consultar. Não se trata de uma simples visita inofensiva da esposa de uma autoridade política", afirmou Egede.
"Por que motivo um conselheiro de Segurança Nacional visitaria a Groenlândia? Seu único objetivo é impor uma demonstração de força (...). Sua mera presença na Groenlândia reforçará a convicção dos americanos de que a anexação é factível, e a pressão aumentará após a visita", acrescentou.