Príncipe saudita ordenou assassinato de Khashoggi, diz CIA
Jornalista crítico do reino foi morto no mês passado em Istambul
A Agência Central de Inteligência (CIA) acredita que o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, ordenou o assassinato do jornalista dissidente e crítico do reino Jamal Khashoggi, informou o Washington Post, citando fontes com conhecimento no caso.
A revelação contradiz as alegações do governo da Arábia Saudita, que nega veementemente um possível envolvimento na morte do colunista do jornal norte-americano ocorrida no consulado saudita em Istambul, no dia 2 de outubro. Segundo a publicação, a avaliação da CIA é "a mais definitiva até o momento que liga Mohammed à operação e complica os esforços do governo do presidente Donald Trump para preservar seu relacionamento com o aliado".
Uma equipe de 15 agentes sauditas viajou para Istambul em um avião do governo e matou Khashoggi dentro do consulado saudita, onde ele estava para buscar documentos para se casar com uma turca. A agência de inteligência norte-americana analisou um telefonema entre o embaixador saudita nos Estados Unidos, Khalid bin Salman, e Khashoggi, no qual o diplomata diz que o jornalista precisa ir até o consulado para recuperar os documentos, reforçando que era seguro fazer isso. Ainda de acordo com o Washington Post, não está claro se Khalid sabia que Khashoggi seria morto na Turquia. No entanto, uma porta-voz da embaixada saudita em Washington, Fatimah Baeshen, negou o conteúdo do telefonema entre os dois e afirmou que as conclusões da CIA são "falsas".
O jornal norte-americano também informa que a CIA considera Mohammed como um "bom tecnocrata", mas o classifica como "volátil", arrogante e explosivo. No entanto, a agência ainda acredita que ele seguirá como herdeiro do trono do país e sobreviverá ao escândalo da morte de Khashoggi. Neste sábado (17), o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, afirmou que os responsáveis pela morte do jornalista saudita terão de prestar contas ao governo de Trump.
"Os Estados Unidos estão determinados a pedir que prestem contas todos aqueles que são responsáveis" pelo assassinato de Khashoggi, que vivia nos Estados Unidos e era colunista do Washington Post, disse Pence.
O vice-presidente ainda ressaltou que irá acompanhar os fatos do desdobramento da "atrocidade", que é uma "afronta a uma imprensa livre e independente". Ontem (16), os Estados Unidos anunciaram sanções contra 17 membros do governo da Arábia Saudita, acusados de estarem envolvidos no planejamento e execução da operação que levou ao assassinato de Khashoggi.