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Prostitutas da Bolívia protestam contra toque de recolher

23 mar 2020 - 16h06
(atualizado às 16h12)
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Um toque de recolher noturno imposto pela presidente interina da Bolívia para tentar deter a propagação do coronavírus no país enfrenta a oposição das profissionais do sexo, que dizem que a medida põe em risco seu meio de vida já precário.

Ruas vazias em La Paz
22/03/2020
REUTERS/David Mercado
Ruas vazias em La Paz 22/03/2020 REUTERS/David Mercado
Foto: Reuters

Em uma vizinhança de El Alto, uma cidade satélite empobrecida da capital La Paz, mais de 50 estabelecimentos com licença para funcionar foram forçados a fechar depois que o governo boliviano impôs um toque de recolher diário das 18h às 5h.

Desde domingo, o país se encontra em uma quarentena total obrigatória de 14 dias, que implica o fechamento de comércios e empresas.

Uma profissional do sexo que se identificou como Grisel disse que normalmente cuidava dos três filhos durante o dia e trabalhava de noite. Como muitas prostitutas bolivianas, ela forma parte de um grupo de profissionais do sexo -- a prostituição é legal no país, mas não sua formalização.

"Nem ganhamos muito dinheiro porque hoje em dia há muita concorrência", disse Grisel. "Estou trabalhando porque preciso, mas também estou me cuidando. Sempre me cuidei, mesmo antes que aparecesse esta doença (coronavírus)", acrescentou.

Lily Cortés, representante do sindicato de profissionais do sexo da Bolívia, disse que, se os estabelecimentos legais não puderem funcionar, "lamentavelmente nós, profissionais do sexo, vamos sair às ruas, e o remédio será pior que a doença".

"Também somos parte desta sociedade da Bolívia", disse Cortés. "Somos profissionais sexuais, somos mulheres, tias, avós, que vivemos dia a dia, também deveriam se preocupar a que hora vamos trabalhar... deveriam nos dar das 8 da manhã às 13:00", acrescentou.

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