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Protestos entram na 3ª semana na Bolívia e Evo Morales enfrenta ultimato

4 nov 2019 - 19h29
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Os protestos na Bolívia sobre a eleição polêmica no mês passado que deu vitória ao presidente Evo Morales entraram na terceira semana nesta segunda-feira, com pressão crescente da oposição para que o presidente renuncie.

Manifestantes se reúnem em La Paz para priotestar contra o presidente Evo Morales
04/11/2019
REUTERS/Kai Pfaffenbach
Manifestantes se reúnem em La Paz para priotestar contra o presidente Evo Morales 04/11/2019 REUTERS/Kai Pfaffenbach
Foto: Reuters

Morales, que chegou ao poder em 2006 e se tornou uma figura icônica, defendeu sua reeleição e apoiou uma auditoria eleitoral internacional para sair da crise.

A oposição, no entanto, formada pelo partido do ex-presidente Carlos Mesa e por organizações civis, aprofundou os apelos para o líder de esquerda deixar o poder. Um dos líderes estabeleceu como prazo esta segunda-feira à noite.

"Hoje é um bom dia para recuperar a democracia. 10 horas...", escreveu Luis Fernando Camacho, chefe de um grupo civil na cidade oriental de Santa Cruz, no Twitter, que no sábado disse a Morales que tinha 48 horas para deixar o poder, às 20h (horário de Brasília).

Não está claro o que exatamente aconteceria após esse prazo, mas Camacho, que obteve amplo apoio popular em todo o país, prometeu "medidas que nos darão em questão de dias a liberdade de uma nação inteira".

Mesa, que ficou em segundo lugar nas eleições de 20 de outubro, descreveu a candidatura de Morales no domingo como "ilegal" e propôs novas eleições porque acredita que houve fraude eleitoral.

Morales venceu as eleições com pouco mais de 10 pontos de vantagem, o que lhe deu uma vitória sem a necessidade de segundo turno, mas a vitória foi ofuscada por um atraso de quase 24 horas na contagem, que ao ser retomada trouxe uma mudança abrupta e inexplicável a favor de Morales.

A virada provocou protestos, e manifestantes entraram em conflito com a polícia, gás lacrimogêneo foi lançado nas ruas e houve bloqueios de vias e greves em muitas cidades do país.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), observadora formal das eleições, está agora realizando uma auditoria de recontagem, que deverá ser concluída em meados do mês. A entidade levantou preocupações depois que a recontagem de votos foi interrompida.

Morales, ex-líder sindical dos plantadores de coca, defendeu sua vitória eleitoral e destacou anos de relativa estabilidade e crescimento sob seus mandatos.

A líder do Senado Adriana Salvatierra disse que Morales estava pedindo paz e que o governo não se curvaria ao ultimato do grupo de Camacho. "Não vamos cair em pressões, esperaremos o final da auditoria", afirmou.

Edwin Herrera, porta-voz do partido de Mesa, Comunidade Cidadã (CC), destacou que as semanas de bloqueios, mobilizações e marchas "nunca tinham sido vistas na história política de nosso país".

Morales já havia provocado raiva entre alguns bolivianos antes das eleições, quando decidiu concorrer a um quarto mandato desafiando os limites de mandato e um referendo em 2016 que votou contra essa decisão.

O confronto eleitoral afetou o país produtor de gás e alimentos, e há preocupação porque a saída da crise parece incerta.

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