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Quem é Naruhito, príncipe 'acadêmico e família' que assumirá o trono no Japão

Príncipe se tornará imperador em 1º de maio e difere de muitas formas dos seus antecessores mais tradicionais; seu pai, Akihito, é o primeiro a abdicar do trono em mais de 200 anos.

29 abr 2019 - 15h44
(atualizado em 30/4/2019 às 06h49)
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A coroação do imperador Naruhito irá inaugurar uma nova era no Japão, chamada Reiwa
A coroação do imperador Naruhito irá inaugurar uma nova era no Japão, chamada Reiwa
Foto: AFP/GETTY IMAGES / BBC News Brasil

O Japão vai dar início a uma nova era em 1º de maio, quando o príncipe Naruhito vai subir ao Trono do Crisântemo e se tornar imperador.

Seu pai, o imperador Akihito, será o primeiro a abdicar em mais de 200 anos, encerrando a atual era imperial Heisei em 30 de abril.

O futuro imperador difere dos antecessores de muitas formas. Em diversas ocasiões, desafiou as expectativas ao priorizar sua família e sua vida acadêmica.

Observadores especulam se o príncipe irá adaptar sua futura posição às necessidades de um mundo em mudança. Mas ele pode, em vez disso, trabalhar sob o legado deixado pelos seus antecessores.

Um acadêmico

O príncipe Naruhito, de 59 anos, representa um Japão e uma família imperial que diferem significativamente do passado.

Ao contrário do seu pai, que foi coroado príncipe no nascimento, Naruhito teve a oportunidade de seguir seus sonhos acadêmicos. Depois de se graduar em História na prestigiosa Universidade Gakushuin, em Tóquio, o príncipe estudou na Universidade de Oxford, na Inglaterra, de 1983 a 1985.

Estudou a história do transporte no Rio Tâmisa, mostrando um interesse por transportes aquáticos que continuou com sua pesquisa de doutorado, em Gakushuin.

O príncipe trabalhou ativamente em assuntos relacionados à água
O príncipe trabalhou ativamente em assuntos relacionados à água
Foto: AFP/GETTY IMAGES / BBC News Brasil

Os anos em Oxford deixaram grandes marcas em Naruhito. No livro de memórias lançado em 1993, O Tâmisa e Eu, o príncipe descreveu o período como o "mais feliz" de sua vida.

Apesar de assumir responsabilidades reais desde 1991, como príncipe herdeiro, Naruhito manteve sua paixão pela academia. Também continuou próximo a assuntos relacionados à água, tendo sido presidente honorário do Conselho Consultivo sobre Água e Saneamento das Nações Unidas, de 2007 a 2015.

Um homem de família

O príncipe Naruhito viveu com sua família até os 30 anos. Isso representa um distanciamento da tradição imperial, que requer que futuros imperadores sejam criados pelos seus súditos, não pela família.

A prática tinha como objetivo instilar consideração pelo povo, em vez do apego pessoal. Mas, na época em que o príncipe nasceu, a vida em família era considerada igualmente importante.

A importância da família para Naruhito veio à tona novamente quando sua mulher, a princesa Masako, enfrentou um "transtorno de adaptação" relacionado ao estresse.

Masako, que era diplomata, foi diagnosticada com o transtorno em 2004, devido à tensão da vida imperial e a pressão para ter um filho homem.

Então, o príncipe assumiu um papel ativo na criação da filha do casal, a princesa Aiko, e defendeu a esposa firmemente das críticas de que estaria negligenciando as responsabilidades públicas.

A própria princesa Aiko se tornou tema de debate sobre a sucessão imperial. De acordo com uma lei imperial de 1947, apenas homens podem ascender ao trono.

Em 2004, o então primeiro-ministro Junichiro Koizumi propôs uma revisão na lei para permitir a figura de uma imperatriz - o que, potencialmente, faria da princesa Aiko uma futura líder.

Esses planos foram interrompidos após o nascimento do seu primo, príncipe Hisahito em 2006 - a figura de um herdeiro homem encerrou a urgência para debater o assunto.

O príncipe Naruhito, fotografado com sua esposa, a princesa Masako
O príncipe Naruhito, fotografado com sua esposa, a princesa Masako
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Início de uma nova era imperial

Quando o príncipe Naruhito se tornar imperador, será o alvorecer da era Reiwa no Japão. O nome da nova era imperial, que significa "harmonia bela", tem origem na antologia poética mais antiga do Japão, Manyoshu.

Isso marca o abandono de uma tradição de nomes de eras imperiais derivados de clássicos chineses, uma prática que durou mais de 1.300 anos.

Mais de 70% dos cidadãos japoneses aprovaram o novo nome, de acordo com pesquisas de opinião. A expectativa em relação ao futuro imperador também é altamente favorável.

Apesar da aprovação do público, há dúvidas sobre o papel do futuro imperador em um Japão em transformação. As atribuições do imperador são principalmente cerimoniais, focadas no engajamento com os cidadãos e em encontros com dignitários estrangeiros.

Mas se espera que Naruhito, primeiro imperador nascido após a Segunda Guerra Mundial, faça pressão por mudanças. "O mundo está mudando e nós imaginamos como ele (Naruhito) vai ajustar sua posição e sua responsabilidade a esse novo cenário", disse o editorial de um importante jornal econômico japonês, o Nikkei.

A lei que impede a filha de Naruhito de se tornar imperatriz é de particular importância. Todos os olhos estão no futuro imperador, atentos se ele irá pressionar por uma mudança na legislação. Mas, por enquanto, Naruhito tem evitado o tema.

Em vez disso, o príncipe acadêmico enfatizou a necessidade de aprender de seus antecessores e continuar com o trabalho feito por eles.

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