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Quem é o misterioso grupo acusado por ataques no Sri Lanka?

Governo culpa o National Thowheeth Jama'ath por atentado

22 abr 2019 - 17h06
(atualizado às 17h14)
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O grupo terrorista islâmico National Thowheeth Jama'ath, acusado pelo governo do Sri Lanka de ser o responsável pelos atentados que mataram quase 300 pessoas no último domingo de Páscoa (21), era semidesconhecido no país até pouco mais de 24 horas atrás.

Cidadãos são evacuados em Colombo, no Sri Lanka, após atentados
Cidadãos são evacuados em Colombo, no Sri Lanka, após atentados
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Até então, o grupo havia aparecido no noticiário apenas por vandalizar algumas estátuas budistas, porém não existem muitas informações sobre sua organização nem mesmo sobre seus reais objetivos.

Não há, até o momento, nenhuma reivindicação oficial por parte do NTJ, uma demora incomum para um grupo terrorista de inspiração jihadista. Em entrevista ao jornal The New York Times, a diretora do Centro Internacional para Estudos sobre Extremismos Violentos, Anne Speckhard, explicou que o grupo não é um movimento separatista muçulmano, mas defende a disseminação do jihadismo na sociedade.

Outras fontes, no entanto, tratam o NTJ como um ramo dos Tigres de Libertação do Tamil Eelam, um dos protagonistas da guerra civil no Sri Lanka (1983-2009) e que lutava pela criação de um Estado independente para o povo tâmil. O próprio governo, contudo, admite que o NTJ não deve ter agido sozinho.

"Existe uma rede internacional sem a qual estes ataques não teriam sido realizados", disse o porta-voz do governo, Rajitha Senaratne. Apoiadores do Estado Islâmico (EI) comemoraram os atentados nas redes sociais e o trataram como uma vingança pelo recente massacre em duas mesquitas na Nova Zelândia, mas ainda não há indícios de envolvimento da milícia.

As autoridades do Sri Lanka disseram ter recebido, 10 dias antes dos ataques, um alerta sobre possíveis ameaças contra igrejas por parte do NTJ, o que levantou suspeitas de falhas nos serviços de inteligência.

A violenta guerra civil que atingiu o país asiático de 1983 a 2009 foi protagonizada pela minoria tâmil, majoritariamente hinduísta, contra o governo controlado pelos cingaleses, de predomínio budista, mas a ilha não abrigava movimentos jihadistas nem tinha histórico de ataques voltados contra cristãos.

Nos últimos anos, no entanto, houve um aumento da retórica anti-Islã por parte de nacionalistas budistas, incluindo ataques contra mesquitas e negócios de muçulmanos - também há relatos de perseguição contra cristãos.

Um atentado jihadista durante uma das datas mais sagradas do cristianismo faria mais sentido no âmbito de uma ação de caráter global do que por motivações ligadas a disputas internas no Sri Lanka, já que as duas religiões são minoritárias. Até por isso, a acusação do governo contra o NTJ vem sendo tratada com cautela.

Ansa - Brasil
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