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Quem é Qasem Suleimani, o general iraniano morto em ataque aéreo dos EUA em Bagdá

General liderou operações militares iranianas no Oriente Médio como comandante da Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã; objetivo do assassinato, segundo Donald Trump, era 'impedir futuros planos de ataque iranianos'.

3 jan 2020 - 06h42
(atualizado às 07h37)
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O general Qasem Soleimani comandava operações militares iranianas no Oriente Médio
O general Qasem Soleimani comandava operações militares iranianas no Oriente Médio
Foto: AFP / BBC News Brasil

Um ataque aéreo dos Estados Unidos ao aeroporto de Bagdá, no Iraque, matou no início desta sexta-feira o general iraniano Qasem Soleimani, um dos homens mais poderosos do país persa.

Soleimani, de 62 anos, liderou as operações militares iranianas no Oriente Médio como comandante da Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã.

Ele foi morto quando sua comitiva deixava o aeroporto de Bagdá, junto a integrantes de uma milícia iraquiana aliada do Irã, em um bombardeio ordenado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

O ataque aconteceu poucos dias após manifestantes invadirem a embaixada dos EUA em Bagdá, entrando em confronto com as forças americanas no local. E, de acordo com o Pentágono, Soleimani teria aprovado os ataques à embaixada.

Os manifestantes protestavam contra o bombardeio, no domingo passado, a bases do grupo Kataeb Hezbollah no Iraque e na Síria, em que pelo menos 25 pessoas morreram.

Os EUA afirmaram, por sua vez, que a ofensiva de domingo fora uma resposta a um ataque de míssil contra uma base militar no Iraque que matou um civil americano na sexta-feira passada.

O fato é que o assassinato do general representa uma escalada drástica nas tensões entre Washington e Teerã.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, já afirmou que "uma vingança severa aguarda os criminosos" por trás do ataque. Ele também anunciou três dias de luto nacional.

Quem era Qasem Soleimani?

O major-general Qasem Soleimani era visto como a segunda pessoa mais poderosa do Irã, depois do aiatolá Khamenei.

De acordo com a correspondente da BBC Lyse Doucet, ele era visto como o mentor dos planos mais ambiciosos do Irã no Oriente Médio, e como o verdadeiro ministro das Relações Exteriores do país em questões de guerra e paz.

"Conhecido por exercer imenso poder, o general de cabelos grisalhos é reverenciado por alguns, odiado por outros, e alvo de mitos e memes nas redes sociais", afirma.

Desde 1998, Soleimani liderava a Força Quds — unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã, que administra operações clandestinas no exterior.

O Irã mostrou o papel da Força Quds nos conflitos na Síria, onde aconselhou as forças leais ao presidente Bashar al-Assad e armou milhares de milicianos xiitas muçulmanos lutando ao lado deles, e no Iraque, onde apoiou um grupo xiita paramilitar que ajudou a combater o Estado Islâmico.

Esses conflitos transformaram o outrora recluso general Soleimani em uma espécie de celebridade no Irã.

"Ele é considerado como principal arquiteto da guerra do presidente Bashar al-Assad na Síria, do conflito em curso no Iraque, da luta contra o Estado Islâmico e de muitas outras batalhas", diz Doucet.

Para os EUA, no entanto, o comandante e demais integrantes da Força Quds são terroristas, responsáveis pela morte de centenas de militares americanos.

O presidente Trump, que estava na Flórida no momento do ataque, publicou a imagem da bandeira americana no Twitter logo após que o bombardeio foi noticiado.

Um comunicado divulgado pelo Pentágono afirma que o general Soleimani "estava desenvolvendo ativamente planos para atacar diplomatas e militares americanos no Iraque e em toda a região".

"Este ataque teve como objetivo impedir futuros planos de ataque iranianos", acrescentou a nota.

Neste contexto, a morte de Soleimani representa um momento decisivo no que já é uma grave crise entre o Irã e os EUA e seus aliados.

"É esperada uma escalada (da tensão) e a retaliação parece certa, colocando uma região já volátil em uma rota ainda mais perigosa", avalia Doucet.

O que aconteceu?

O general Soleimani e integrantes das Forças de Mobilização Popular do Iraque, milícia apoiada pelo Irã, estavam deixando o aeroporto de Bagdá em dois carros quando foram atingidos por um ataque de drone dos EUA perto de uma área de cargas, segundo relatos da imprensa americana.

Comboio do general Soleimani foi alvo de ataque de drone quando deixava o aeroporto
Comboio do general Soleimani foi alvo de ataque de drone quando deixava o aeroporto
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Vários mísseis teriam atingido o comboio, e acredita-se que pelo menos cinco pessoas tenham morrido no ataque.

A Guarda Revolucionária do Irã informou que o líder das Forças de Mobilização Popular do Iraque, Abu Mahdi al-Muhandis, está entre os mortos.

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