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Quênia suspende proibição de abortos para entidade

Marie Stopes, que atua no Quênia há mais de três décadas e tem 22 clínicas espalhadas pelo país, disse que continuará a trabalhar

24 dez 2018 - 12h35
(atualizado às 12h51)
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LONDRES (Thomson Reuters Foundation) - O Quênia suspendeu a proibição para que a Marie Stopes conduza abortos no país, numa medida que deve ajudar a prevenir procedimentos arriscados, depois de uma investigação apontar que a organização internacional não agiu para encorajar mulheres e garotas a interromperem a gravidez.

Mulher passa por um murel durante uma visita da Ministra dos Países Baixos para o Comércio e a Cooperação para o Desenvolvimento, Lilianne Ploumen, em uma clínica de Saúde da Família nas favelas de Kibera, em Nairobi, Quênia
Mulher passa por um murel durante uma visita da Ministra dos Países Baixos para o Comércio e a Cooperação para o Desenvolvimento, Lilianne Ploumen, em uma clínica de Saúde da Família nas favelas de Kibera, em Nairobi, Quênia
Foto: Baz Ratner / Reuters

As autoridades quenianas haviam ordenado, em 14 de novembro, que a Marie Stopes interrompesse os atendimentos relacionados a aborto, após uma campanha midiática promovida pela organização ter incentivado a interrupção da gravidez — uma acusação que a entidade nega.

Os abortos não são permitidos no Quênia, a menos que a vida ou a saúde da mulher estejam em risco e seja preciso atendimento emergencial. Para ativistas, a determinação obriga mulheres a recorrerem a procedimentos ilegais e perigosos.

A Marie Stopes alegou que sua campanha na mídia tinha o objetivo de conscientizar o público sobre o alto índice de abortos arriscados no Quênia. Após uma auditoria, o Ministério da Saúde informou que o grupo se encontra "em total conformidade" com as leis do país.

Cerca de meio milhão de abortos foram realizados no Quênia em 2012, a maioria em clínicas clandestinas, com uma em cada quatro mulheres sofrendo complicações decorrentes do procedimento, tais como febre, infecção, choque e falência de órgãos, segundo dados divulgados em fevereiro pelo Ministério da Saúde.

Estima-se que 266 mulheres morram a cada 100 mil abortos clandestinos no Quênia — uma taxa maior do que o estimado em outros países do leste africano, diz o relatório.

A Marie Stopes — que atua no Quênia há mais de três décadas e tem 22 clínicas espalhadas pelo país — disse que continuará a trabalhar em conjunto com o Conselho de Médicos e Dentistas, órgão que havia efetivado a proibição.

"Estamos gratos ao Conselho por ter reconhecido essa como uma questão séria, e por seu compromisso em assegurar que mulheres tenham o atendimento médico seguro que desesperadamente necessitam", disse uma porta-voz da organização por e-mail.

Dos 56 milhões de abortos que estima-se serem praticados todo ano, cerca de metade não são seguros, resultando na morte de 22,8 mil mulheres, segundo um relatório divulgado em março pelo Instituto Guttmacher.

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