Rabino-chefe de Roma critica papa Francisco por comentários sobre Israel
O rabino-chefe de Roma criticou duramente nesta quinta-feira o papa Francisco, por causa da recente elevação no tom das críticas do pontífice à campanha militar de Israel na Faixa de Gaza, em um discurso de tom incomum por tão efusivo durante um evento de diálogo católico-judaico. O rabino Riccardo Di Segni, líder espiritual da comunidade judaica de Roma desde 2001, afirmou que Francisco tem injustamente voltado suas atenções para Israel, em comparação a outros conflitos que ocorrem no Sudão, Iêmen, Síria e Etiópia. "Indignação seletiva... enfraquece a força do papa", afirmou Di Segni. "Um papa não pode dividir o mundo em filhos e enteados e deve denunciar os sofrimentos de todos. Isso é exatamente o que o papa não faz." Francisco, líder de 1,4 bilhão de membros da Igreja Católica Romana, tem elevado seu tom contra a campanha militar israelense para combater o grupo militante palestino Hamas. Na semana passada, ele afirmou que a situação humanitária na Faixa de Gaza era "muito séria e vergonhosa". Um complexo acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas foi obtido na quarta-feira, e deve entrar em vigor no domingo. As relações entre a Igreja Católica e o judaísmo melhoraram nas últimas décadas, após séculos de animosidade. O evento desta quinta-feira, realizado em uma Universidade Católica, marcou o 36º Dia Mundial de Diálogo Católico-Judaico. Um dos organizadores, o reverendo Marco Gnavi, um padre católico, ficou surpreso com os comentários de Di Segni. Ele afirmou que se sentiu "desconfortável" com as palavras do rabino: "Você não pode pedir a nós que não soframos com você e com os outros", ponderou.