Rafael Sanzio morreu de pneumonia agravada por erro médico, diz estudo
Nova teoria vem à tona após 500 anos do falecimento do artista
Um estudo realizado pela Universidade de Milão-Bicocca revelou nesta quinta-feira (16) que Rafael Sanzio (1483-1520), um dos principais ícones do Renascimento italiano, morreu após ser atingido por uma pneumonia agravada por um erro médico.
A nova teoria vem à tona 500 anos depois e é a mais recente reconstrução da misteriosa morte do artista, publicada na Internal and Emergency Medicine, revista da Sociedade Italiana de Medicina Interna.
A análise é baseada em evidências diretas e indiretas da época e exclui outros diagnósticos, entre eles malária, febre tifoide e sífilis, como causas da morte. Desta forma, a pesquisa chegou à conclusão de que a prática de sangria - terapia que estabelece a retirada de sangue do paciente como tratamento de doenças - provocou o falecimento de Rafael, que teria enfraquecido ainda mais quando foi acometido por uma febre alta. Para encontrar uma solução para o mistério, os pesquisadores compararam as informações contidas no livro "Le Vite", de Giorgio Vasari, que tem testemunhos de figuras históricas com ligação ao pintor e presentes em Roma na época em que Rafael viveu, como é o caso de Alfonso Paolucci, embaixador do duque de Ferrara, Alfonso I d'Este (1476-1534).
O estudo ainda utilizou alguns documentos redescobertos no século 19 pelo historiador de arte Giuseppe Campori. "O curso da doença combinado com outros sintomas nos levaria a pensar em uma forma de pneumonia", explica Michele Augusto Riva, pesquisador de história da medicina da Universidade de Milão-Bicocca.
"Não podemos dizer com certeza nem hipotetizar se era de origem bacteriana ou viral como a atual Covid-19, mas entre as várias causas, é a que mais corresponde ao que nos dizem: um curso agudo, mas não imediato, a falta de perda de consciência, ausência de sintomas gastrointestinais e febre contínua", acrescentou o estudioso. Para piorar o quadro clínico, segundo Riva, também pode ter existido um erro médico, com a prática de sangramento, que não é recomendada em caso de febre pulmonar. "Vasari nos diz que o pintor escondeu dos médicos que muitas vezes saía nas noites anteriores devido a casos amorosos. Não conhecendo a conduta do paciente e não conseguindo enquadrar melhor a origem da febre, os médicos teriam errado ao insistir com a sangria", especulou o pesquisador italiano.