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Rajoy é destituído e socialista Pedro Sánchez assume Espanha

Moção de censura contra o então premiê em razão de um escândalo de corrupção foi aprovada por 180 votos; ao se despedir do cargo, Rajoy afirmou que 'foi uma honra' deixar um país melhor do que encontrou

1 jun 2018 - 07h11
(atualizado às 09h32)
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Novo primeiro-ministro da Espanha, o socialista Pedro Sánchez após aprovação de moção de censura no Parlamanto
0106/2018 REUTERS/Sergio Perez
Novo primeiro-ministro da Espanha, o socialista Pedro Sánchez após aprovação de moção de censura no Parlamanto 0106/2018 REUTERS/Sergio Perez
Foto: Reuters

O líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, se tornou primeiro-ministro da Espanha nesta sexta-feira, 1.º, depois de Mariano Rajoy ser destituído em razão da aprovação apertada de uma moção de censura deflagrada por um escândalo de corrupção. Esta é primeira vez que um líder espanhol é afastado no Parlamento em quatro décadas de democracia.

Patrocinada por Sánchez, ela teve 180 votos favoráveis - dos 176 necessários -, 169 contrários e 1 abstenção. Sánchez deve assumir o cargo de premiê na segunda-feira e seu gabinete será nomeado na próxima semana.

Após a votação, Rajoy, de 63 anos, apertou a mão do socialista e saiu sem fazer comentários à imprensa. Ele se despediu do cargo com um breve discurso no Congresso. "Foi uma honra deixar uma Espanha melhor do que encontrei", disse.

Para destituir o premiê, que estava no poder desde dezembro de 2011, Sánchez organizou uma coalizão com a esquerda radical do Partido Podemos (PP), os separatistas catalães e os nacionalistas bascos.

Os socialistas justificaram a moção para derrubar o governo Rajoy com o argumento de que ele não assumiu as responsabilidades políticas cabíveis depois que a Justiça espanhola condenou o PP por ter participado de um escândalo de corrupção.

Ele apostou nesta opção pela fragmentação da Câmara, uma estratégia denunciada pelo porta-voz do PP no Congresso, Rafael Hernando, que criticou uma coalizão de "extremistas, radicais e independentistas que desejam acabar com o projeto de Espanha". "O senhor Sánchez quer ser presidente do governo a qualquer preço e custe o que custar", disse Hernando.

 Um protesto contra a prisão do ex-presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, bloqueia várias estradas da região. O líder foi detido na Alemanha.

Sánchez, de 46 anos, reconheceu que "certamente" terá dificuldades em sua ação de governo. Mas, com um tom otimista, reiterou o "compromisso com a Europa" e prometeu "estabilizar socialmente este país", priorizando políticas a favor do meio ambiente e de igualdade entre homens e mulheres.

Também reiterou a oferta de diálogo ao governo separatista da Catalunha, que assume oficialmente nesta sexta-feira. O gesto permite prever a retirada da tutela imposta à região desde outubro, em consequência da tentativa frustrada de secessão. "Este governo quer que a Catalunha esteja na Espanha e escutará a Catalunha", afirmou o líder socialista.

A presidente do Congresso, Ana Pastor, comunicará oficialmente ao rei Felipe VI o resultado da votação, que será publicado no Diário Oficial.

Corrupção

O PSOE promoveu a moção de censura há uma semana, após a divulgação da sentença judicial do caso Gürtel, um escândalo de corrupção que envolvia empresas que subornaram, de 1999 a 2005, funcionários do PP para obter contratos públicos em várias cidades do país.

A condenação foi uma grande derrota para o PP, que pretende recorrer contra a sentença. O partido conservador foi condenado a pagar € 245 mil de multa por ter sido considerado "beneficiário" da trama. A Justiça afirmou que foi comprovada a existência de caixa 2 desde 1989. O ex-tesoureiro do PP Luis Bárcenas foi condenado a 33 anos de prisão.

A votação desta sexta-feira afasta do poder Mariano Rajoy, que sobreviveu à grave crise econômica de 2008 a 2013 e ao desafio separatista catalão, a pior crise política na Espanha em quatro décadas.

Ascensão de Sánchez

Consumada a derrota de Rajoy, Sánchez completou em apenas um ano uma trajetória surpreendente. Em maio de 2017, ele recuperou a liderança do PSOE, poucos meses depois de ter sido afastado por uma rebelião interna, e agora vai comandar o governo espanhol.

Em um discurso na quinta-feira, ele prometeu a manutenção dos orçamentos de 2018 elaborados pelo PP, aprovados há uma semana na Câmara e que dependem da tramitação no Senado, onde os conservadores têm maioria. O gesto é destinado a atrair o apoio decisivo do Partido Nacionalista Basco (PNV), que governa esta região do norte da Espanha e obteve com os orçamentos um pacote de investimentos em infraestruturas de € 540 milhões.

Mas a rede de apoio à moção de censura permite antever um mandato difícil. Sánchez admitiu que "é evidente que temos de seguir para eleições gerais" e defendeu um "consenso para o horizonte eleitoral".

A prisão na Alemanha do ex-presidente independentista catalão Carles Puigdemont, acusado de rebelião pela Justiça espanhola e alvo de uma ordem de prisão europeia, levou neste domingo milhares de militantes separatistas às ruas de Barcelona. Houve confronto com a polícia.

A convocação de eleições é uma exigência do partido Ciudadanos. "Eu não quero um governo zumbi pela corrupção, mas tampouco quero um governo Frankenstein com os que querem liquidar a Espanha", advertiu o líder do Ciudadanos, Albert Rivera, indignado com o apoio dos separatistas catalães à moção socialista.

Na quinta-feira, Rajoy criticou duramente Sánchez, a quem acusou de fazer com a moção "um exercício de oportunismo a serviço de sua ambição pessoal" e de colocar em risco a recuperação da economia.

Catalunha

O governo espanhol aprovou nesta sexta-feira o novo governo independentista da Catalunha, que não inclui mais "ministros" detidos ou exilados, condição de Madri para acabar com o controle imposto sobre a região. A composição do novo Executivo regional anunciado na terça-feira pelo líder catalão, Quim Torra, foi publicada nesta madrugada no Diário Oficial da Generalitat da Catalunha. / AFP, AP, Reuters e EFE

Estadão
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