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Reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel por Trump é criticado até mesmo por aliados dos EUA

Egito e Arábia Saudita disseram que decisão poderá ameaçar negociações de paz; papa Francisco também se manifestou, pedindo que 'status quo' seja mantido.

6 dez 2017 - 10h16
(atualizado às 12h45)
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O presidente americano, Donald Trump, decidiu reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e iniciar o processo de transferência da embaixada dos Estados Unidos da cidade de Tel Aviv para lá, segundo disseram membros da sua administração. Um anúncio oficial pode ocorrer em breve.

No conflito entre Israel e palestinos, status diplomático de Jerusalém é uma das questões mais polêmicas
No conflito entre Israel e palestinos, status diplomático de Jerusalém é uma das questões mais polêmicas
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A decisão é polêmica e provocou reações negativas inclusive de países aliados dos EUA no Oriente Médio, como a Arábia Saudita e o Egito. Até mesmo o papa Francisco se manifestou pedindo que o status atual seja mantido.

O reconhecimento agrada a Israel, mas líderes árabes e palestinos alertaram que causará prejuízos no processo de paz.

Jerusalém abriga vários sítios sagrados não apenas para o Judaísmo, mas também para o Islã e o Cristianismo. Enquanto Israel considera a cidade como sua capital, os palestinos dizem que Jerusalém será a capital do futuro Estado Palestino.

Justamente para garantir a eficácia dos diálogos de paz no Oriente Médio é que a comunidade internacional nunca reconheceu a soberania de Israel sobre a cidade. As embaixadas, por exemplo, estão todas localizadas em Tel Aviv.

Aliada dos EUA, Arábia Saudita classificou a decisão de 'flagrante provocação aos muçulmanos de todo o mundo'
Aliada dos EUA, Arábia Saudita classificou a decisão de 'flagrante provocação aos muçulmanos de todo o mundo'
Foto: AFP / BBC News Brasil

'Ameaça à paz'

Aliada dos Estados Unidos, a Arábia Saudita classificou a decisão de Trump de uma "flagrante provocação aos muçulmanos de todo o mundo".

O representante dos palestinos no Reino Unido, Manuel Hassassian, disse à BBC que a medida será o "beijo da morte" nas negociações de paz baseadas no reconhecimento de dois Estados (um israelense, que já existe, e um palestino, que ainda não foi criado, embora seja uma demanda histórica do mundo islâmico).

O Egito, outro aliado dos EUA, também se opôs à decisão. O presidente, Abdul Fattah al-Sisi, fez um apelo para que Trump "não complique a situação na região".

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, infirmou que o país pode vir a cortar laços com Israel. O rei da Jordânia, Abdullah 2º, disse por sua vez que a decisão do presidente americano "prejudicará os esforços para a retomada do processo de paz".

O líder do Hamas, Ismail Haniya, convocou a comunidade muçulmana a fazer protestos na sexta. Já a China alertou para uma escalada da tensão no Oriente Médio.

A preocupação com a desestabilização da região chegou também ao Vaticano. O papa Francisco pediu que o "status quo" seja respeitado e destacou que o diálogo só irá prosperar "com o reconhecimento dos direitos de todos os povos da região".

Na comunidade europeia, a decisão também foi mal recebida. A encarregada de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, disse que qualquer ação que possa prejudicar um eventual acordo de paz entre israelenses e palestinos "deve ser absolutamente evitada".

O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, disse ver a notícia sobre a decisão de Trump "com preocupação".

O presidente da França, Emmanuel Macron, teria alertado a Trump, por telefone, que reconhecer Jerusalém como capital de Israel seria má ideia - e que a questão deve ser resolvida por meio de negociações entre israelenses e palestinos.

Já o ministro da Educação de Israel, Naftali Bennett, pediu que outros países sigam o exemplo de Washington. "Jerusalém sempre foi e sempre será a nossa eterna capital."

Decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel causou reações de países aliados do EUA e até do papa Francisco
Decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel causou reações de países aliados do EUA e até do papa Francisco
Foto: BBC News Brasil

Por que tanta polêmica?

No conflito entre Israel e palestinos, o status diplomático de Jerusalém, cidade que abriga locais sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos, é uma das questões mais polêmicas e ponto crucial nas negociações de paz.

Israel considera Jerusalém sua capital eterna e indivisível. Mas os palestinos reivindicam parte da cidade (Jerusalém Oriental) como capital de seu futuro Estado.

A posição da maior parte da comunidade internacional, e dos Estados Unidos até então, é a de que a situação de Jerusalém deve ser decidida em negociações de paz. Os países mantêm suas embaixadas em Tel Aviv, a capital comercial de Israel.

Em 1947, quando a Assembleia Geral da ONU decidiu pelo plano de partilha da Palestina entre um Estado árabe e outro judeu, Jerusalém foi designada como "corpus separatum" (corpo separado), sob controle internacional. O plano, porém, não chegou a ser implementado.

Em 1948 foi declarada a Independência do Estado de Israel e, logo em seguida, a guerra árabe-israelense. Ao final daquele conflito, Jerusalém foi dividida, com a parte ocidental sob controle de Israel e a parte oriental controlada pela Jordânia.

Em 1967, Israel capturou a parte oriental da cidade e, desde então, vem construindo assentamentos em Jerusalém Oriental. Esses assentamentos são considerados ilegais pela comunidade internacional, posição que é contestada pelo governo israelense.

"O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel seria uma mudança na política adotada pelos Estados Unidos desde a criação do plano de partilha pela Assembleia Geral da ONU", explica o especialista em Oriente Médio Fayez Hammad.

"Desde a criação do Estado de Israel no ano seguinte, os Estados Unidos nunca reconheceram a soberania de Israel em Jerusalém Ocidental ou da Jordânia em Jerusalém Oriental (até 1967)", ressalta Hammad.

Palestinos protestam contra Trump:
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