Refugiados ajudam profissionais de saúde de Portugal a combater novo coronavírus
Cansado e faminto, o enfermeiro Nuno Delicado teve uma surpresa agradável quando um restaurante sírio local enviou comida ao hospital de Lisboa em que ele vem lutando contra o surto de coronavírus.
Mas foi a história de humildade daqueles que preparam as refeições que o surpreendeu.
O restaurante Tayybeh é criação de um casal de refugiados que fugiu da Síria assolada pela guerra anos atrás. Desde meados de março, Ramia Abdalghani e Alan Ghumim, ambos de 36 anos, estão oferecendo alimento a profissionais de saúde que combatem a pandemia na capital.
"Fomos ajudados por pessoas que viveram uma situação dramática", disse Delicado, de 33 anos. "Foi uma grande lição de vida para todos nós."
"Isso nos mostrou que, como sociedade, precisamos amparar uns aos outros."
Portugal tem mais de 16.900 casos confirmados do vírus e 535 mortes relatadas.
A maioria dos profissionais de saúde não têm mais tempo de preparar refeições em casa, e como as lanchonetes dos hospitais estão fechadas devido ao isolamento nacional, têm que contar com restaurantes como o Tayybeh, explicou Delicado.
O casal se mudou para Portugal quatro anos atrás, mas foi só no ano passado, após algumas outras empreitadas, que abriram o estabelecimento em Lisboa, onde moram com os dois filhos.
Eles queriam mostrar aos portugueses o que é a cozinha síria.
"Não somos só tanques e espingardas. Temos uma cultura, cidades históricas, temos muitas coisas - é isso que tentamos mostrar aos nossos clientes", disse Alan.
Eles se sentiram em casa assim que pousaram em Portugal, contou ele, por isso, quando o coronavírus chegou, quiseram fazer algo para ajudar sua nova comunidade.
"Quando você foge de uma guerra, sente o desastre, mas também percebe quem está ao seu lado. Então, em todas as coisas que fazemos aqui em Portugal, tentamos retribuir às pessoas que nos receberam de braços abertos."
Os profissionais de saúde só precisam ligar, dizer ao restaurante quanta comida precisam, e o casal coloca mãos à obra. Eles fazem de tudo, do popular Daoud Basha ao humus cremoso.
Os trabalhadores podem pegar a comida diretamente no restaurante, de dia ou de noite.