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Rei Charles III: relembre a trajetória e polêmicas do monarca

Primogênito de Elizabeth II esperou 70 anos para assumir o trono do Reino Unido

1 mai 2023 - 05h00
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O rei Charles III em seu primeiro discurso após a morte da mãe, Elizabeth II
O rei Charles III em seu primeiro discurso após a morte da mãe, Elizabeth II
Foto: Reuters

Herdeiro do trono britânico, Charles III esperou mais de 70 anos para finalmente tornar-se rei do Reino Unido. Aos 73 anos, ele assumiu automaticamente a coroa após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II, aos 96 anos, em 8 de setembro de 2022. Quase oito meses depois, a cerimônia de coroação do rei Charles III será realizada em 6 de maio, na Abadia de Westminster, em Londres, marcando a primeira coroação da monarquia britânica em sete décadas.

A trajetória do rei Charles III foi marcada por altos e baixos. A lista de acontecimentos inclui um divórcio para lá de público com a princesa Diana, mãe dos seus dois filhos, os príncipes William e Harry; saias-justas envolvendo a monarquia inglesa, e até mesmo um notável protagonismo em pautas ambientais, muito antes de o assunto dominar as agendas políticas e sociais.

Veja a seguir polêmicas e acontecimentos importantes da trajetória do rei Charles III.

Nascimento e nome completo

Nascido em 14 de novembro de 1948, no Palácio de Buckingham, em Londres, o rei Charles III foi o primeiro filho da rainha Elizabeth II e do príncipe Phillip. O casal teve ainda mais três herdeiros: Anne, Andrew e Edward. Apesar de ser conhecido em todo o mundo apenas como 'príncipe Charles', seu nome de batismo é Charles Philip Arthur George.

Já o seu título real é mais pomposo: "Sua Majestade Carlos III, pela graça de Deus, do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e de Outros Reinos e Territórios, Rei, Chefe da Comunidade das Nações, Defensor da Fé".

Charles III também foi o mais longevo príncipe de Gales, título herdado em julho de 1958 e que, após a sua ascensão ao trono, foi passado para o príncipe William. Como rei, Charles III não é apenas soberano do Reino Unido, mas também monarca de 14 Estados independentes chamados de Reinos da Comunidade de Nações desde 2022. Esse grupo inclui países como Canadá, Austrália e Nova Zelândia. O rei também é chefe da Commonwealth, organização intergovernamental composta por 56 países independentes. 

O rei Charles III ao lado da rainha consorte, Camilla, e dos príncipes William e George, primeiro e segundo, respectivamente, na linha de sucessão ao trono britânico
O rei Charles III ao lado da rainha consorte, Camilla, e dos príncipes William e George, primeiro e segundo, respectivamente, na linha de sucessão ao trono britânico
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Linha de sucessão ao trono

A monarquia é um sistema de governo no qual o soberano atua como chefe de Estado e/ou, chefe de governo por tempo ilimitado, sendo substituído apenas por integrantes da Família Real. Na Família Real inglesa, em especial, os membros devem ser batizados na Igreja Anglicana e a linha de sucessão ao trono é herdada pelo filho ou filha mais velha do rei.

A sucessão é definida por um conjunto de leis. Entre elas, estão: A Declaração de Direitos (1689), o Decreto de Estabelecimento (1701) e o Ato de Sucessão à Coroa (2013).

Assim, com a morte de Elizabeth II, Charles III se tornou rei. Em caso de renúncia, abdicação ou morte do monarca, a coroa será passada para o primeiro nome da linha de sucessão, o príncipe William. Os próximos da fila são os filhos de William: George, de 8 anos, seguido por Charlotte, de 7 anos, e Louis, de 5 anos.

  • Veja os 10 primeiros nomes da linha de sucessão ao trono inglês:

1) Príncipe William

2) Príncipe George (primogênito de William)

3) Princesa Charlote (filha do meio de William)

4) Príncipe Louis (filho mais novo de William)

5) Príncipe Harry  (filho caçula do Rei Carlos III)

6) Príncipe Archie of Sussex (primogênito de Harry)

7) Princesa Lilibet of Sussex (caçula de Harry)

8) Príncipe Andrew, (irmão do meio de Charles III)

9)Princesa Beatrice (filha mais velha do príncipe Andrew)

10) Sienna Mapelli Mozzi (filha mais velha da prinesa Beatrice)

Faculdade e carreira militar

O rei Charles III foi o primeiro monarca do Reino Unido a entrar na faculdade. A falecida rainha, Elizabeth II, e sua irmã Margaret foram os últimos membros da Família Real a serem educados em casa por tutores.

O monarca estudou na renomada Universidade de Cambridge, onde se formou em Artes em 1971. Charles III também passou um período estudando o idioma gales na Universidade de Gales, em Aberystwyth

Logo após a sua graduação em Cambridge, o rei integrou a Força Aérea Inglesa, onde concluiu treinamento como piloto, e posteriormente serviu na Marinha da Inglaterra entre os anos de 1971 até 1976. 

Casamento com a princesa Diana

O casamento real entre Charles e Diana, em 1981, foi acompanhado por mais de 750 milhões de pessoas, em todo o mundo,
O casamento real entre Charles e Diana, em 1981, foi acompanhado por mais de 750 milhões de pessoas, em todo o mundo,
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Charles se casou com Lady Diana Frances Spencer, filha do 8º Conde Spencer, em 29 de julho de 1981. Ele tinha 32 anos e ela, 19. O casamento real foi transmitido ao vivo e assistido por 750 milhões de pessoas em todo o mundo, tornando-se um dos grandes eventos do ano. Até hoje, o vestido de noiva de Lady Di é considerado um dos mais icônicos de todos os tempos.

Pouco após a união, eles tiveram o príncipe William de Gales, nascido em 1982. Dois anos depois, nascia o príncipe Harry. 

A união de Charles e Diana foi marcada por polêmicas e casos extraconjugais, além do constante assédio da imprensa inglesa, em especial dos tabloides locais que chegaram a divulgar áudio de uma ligação íntima entre Charles III e Camilla, em 1993. Na véspera de subir ao altar, por exemplo, Diana teria descoberto que Charles III ainda mantinha um caso com Camilla, antiga paixão que não era considerada 'adequada' para ser uma futura rainha.

A relação com Camilla também está por trás de uma das frases mais famosas de Diana: "Éramos três neste casamento, então estava um pouco lotado", disse a  princesa na controversa entrevista ao programa Panorama, da BBC, em 1995.

Por outro lado, Diana também teria tido alguns casos extraconjugais. O mais famoso foi com o capitão do Exército James Hewitt, que teria durado de 1986 até 1992. Na época, havia boatos de que Hewitt seria o verdadeiro pai de Harry, mas o caso, no entanto, teria começado dois anos após o nascimento do príncipe.

Em 1985, Diana teria se envolvido com Barry Albert Mannakee, um de suas guarda-costas, que morreu em 1987. Alguns biógrafos definem o cirurgião paquistanês, Hasnat Khan, como o "grande amor de Diana". Os dois teriam se relacionado por dois anos e terminado poucos meses antes da morte da princesa.

O colapso do casamento real foi retratado no livro Diana: Her True Story, de Andrew Morton. A princesa cooperou com o livro, fornecendo a Morton gravações de áudio nas quais narrava a sua história.

Após tantas polêmicas, Charles III e Diana se separam em 1992. O divórcio, no entanto, foi oficializado apenas em agosto de 1996. Diana morreria um ano depois, aos 36 anos, devido aos ferimentos provocados por um acidente de carro em Paris. Também morreram no acidente o motorista do automóvel Henri Paul, e o então namorado de Diana, o empresário Dodi Al-Fayed.

Casamento com Camilla

Charles III casou com Camilla em 9 de abril de 2005, 35 anos após eles se conhecerem. A cerimônia civil e discreta aconteceu em Windsor Guildhall para apenas 28 convidados. O príncipe William foi o padrinho. Já a rainha Elizabeth II e o Príncipe Phillip não foram à cerimônia, mas compareceram à recepção e bênção oficial na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor.

O percursso até o casamento foi longo. Camilla se divorciou de Andrew Parker Bowles em 1995, depois de viverem separados por dois anos e terem dois filhos. O rei oficializou a separação em 1996, mas a trágica e repentina morte de Diana no ano seguinte interrompeu os planos do casal de tornar o relacionamento oficialmente público.

Parte do público britânico não aceitava o relacionamento de Charles III e Camilla. Muitos hostilizavam a agora rainha consorte devido ao caso extraconjungal com o rei e a imagem idolatrada de Diana.

A relação também enfrentava críticas da rainha Elizabeth II, que teria se recusado a participar da festa de aniversário de 50 anos de Charles devido à presença de Camilla. Os dois só fizeram a primeira aparição pública como um casal em 1999, durante a festa de aniversário da irmã de Camilla.

Pouco a pouco, a rainha consorte foi conquistando o seu espaço na Família Real inglesa, até oficializar a união com Charles III, em 2005.

Charles III e Camila durante a cerimônia de casamento em 2005, no castelo de Windsor; cerimônia civil contou com apenas 28 convidados
Charles III e Camila durante a cerimônia de casamento em 2005, no castelo de Windsor; cerimônia civil contou com apenas 28 convidados
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Após o casamento, Camilla recebeu o título de Sua Alteza Real, a Duquesa da Cornualha, uma forma de preservar e respeitar a memória da princesa Diana, que foi conhecida como Princesa de Gales. Inicialmente, a esposa de Charles III não seria conhecida como rainha consorte, título comum a esposas de monarcas que não pertencem à mesma linhagem real. Ela seria conhecida apenas como princesa consorte. 

Mas a rainha Elizabeth II expressou publicamente o desejo de que Camilla se tornasse rainha consorte, quando discursou nas celebrações do Jubileu de Platina, em 2022.

"É o meu sincero desejo que, quando chegar a hora, Camilla seja conhecida como rainha consorte enquanto continua seu próprio serviço leal", disse. 

Assim, a cerimônia de coroação de Charles III também marca a coroação de Camilla como rainha consorte. 

Ativismo ambiental 

O interesse de Charles III por questões ligadas a sustentabilidade é antigo. Desde os anos 1980 ele já falava sobre o assunto e adotava algumas medidas, como a publicação de sua pegada de carbono anual, incluindo viagens não oficiais, desde 2007. O objetivo é mostrar a redução anual das emissões de carbono na atmosfera.

Cerca de 90% da energia para escritório e uso doméstico agora vem de fontes renováveis, e quase metade é gerada a partir de fontes renováveis, como painéis solares, caldeiras de biomassa e bombas de calor. A outra parte da eletricidade e gás consumidos são adquiridos de fontes renováveis.

Em Highgrove, sua antiga residência particular, Charles III chegou a cultivar um jardim aberto ao público. Ele também tinha uma fazenda totalmente orgânica.

Outra curiosidade sobre o rei Charles III: ele dirige o mesmo carro, um Aston Martin, há mais de 50 anos. O automóvel passou por modificações no motor para também funcionar com uma mistura de 8% de bioetanol e 15% de gasolina sem chumbo, que podem ser abastecidos com restos de vinhos reciclados e o soro utilizado no processo de fabricação de queijos. 

Fonte: Redação Terra
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