Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Reino Unido: perfil da nação que combina tradição e modernidade

Saiba mais sobre o reino que mantém rituais da monarquia, inova na cultura e adotou um caminho político independente do resto da Europa

10 out 2022 - 10h56
(atualizado em 14/11/2022 às 19h16)
Compartilhar
Exibir comentários

O Reino Unido é composto de Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte e tem uma longa história de importância nos assuntos internacionais.

No século 20, a Grã-Bretanha - nome também usado para se referir ao Reino Unido, apesar de tecnicamente não incluir a Irlanda do Norte - foi obrigada a redefinir seu lugar no mundo.

No começo do século, comandava um império que percorria o planeta e era considerada a principal potência global. Duas guerras mundiais e o fim do império diminuíram seu papel, mas o Reino Unido continua uma potência econômica e militar, com considerável influência ao redor do mundo.

A Grã-Bretanha foi o primeiro país do mundo a se industrializar. Sua economia continua uma das maiores, mas passou a ser baseada no setor de serviços em vez da indústria. O processo de desindustrialização deixou sem solução alguns problemas sociais e bolsões de fraqueza econômica em partes do país.

Mais recentemente, o Reino Unido sofreu uma profunda queda na atividade econômica e um aumento da dívida pública, como resultado da crise financeira de 2008, que revelou a excessiva dependência do país de crédito fácil, consumo doméstico e valorização de imóveis.

Os esforços para conter a dívida pública - uma das mais altas do mundo desenvolvido - levou a cortes profundos no sistema de bem-estar social, serviços governamentais e nas Forças Armadas, levando a preocupações sobre aumento da desigualdade social e perda de influência internacional.

O Reino Unido é uma potência europeia muito conhecida por sua cultura e suas tradições
O Reino Unido é uma potência europeia muito conhecida por sua cultura e suas tradições
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O então primeiro-ministro David Cameron, sob pressão da ala mais à direita de seu Partido Conservador, prometeu e convocou para junho de 2016 um referendo sobre a permanência do país como membro da União Europeia. A alternativa de deixar o bloco europeu, comumente chamada de Brexit, sagrou-se vencedora - por 51.9% a 48.1%. A Grã-Bretanha deixou a União Europeia em 31 de janeiro de 2020.

Em resposta a uma crescente insatisfação com a natureza altamente centralizadora do Reino Unido, em 1999, o governo central em Londres devolveu poderes para Parlamentos separados na Escócia e no País de Gales. Isso, porém, não colocou um fim a aspirações separatistas. Em 2007, a Escócia passou a ter um governo nacionalista, e um referendo sobre a independência da nação foi realizado em setembro de 2014. Um total de 55% dos eleitores escoceses votou pela permanência no Reino Unido, contra 45% de votos separatistas.

Na Irlanda do Norte, depois de décadas de violento conflito civil na província, o Acordo da Sexta-Feira Santa de 1998 levou a uma nova Assembleia com poderes devolvidos por Londres - o que aumentou as esperanças de um paz duradoura.

Diversidade

O Reino Unido é etnicamente diversificado, o que em parte é um legado de seu passado imperial. No século 21, o país passou a ter dificuldades internas com questões como multiculturalismo, imigração e identidade nacional.

As preocupações com terrorismo e o radicalismo islamista aumentaram depois dos atentados suicidas a bomba na rede de transporte de Londres, em 2005. Houve também um crescente debate sobre imigração. Muitos passaram a defender políticas mais duras para limitar a entrada de imigrantes, enquanto outros tentavam defender a chegada de estrangeiros como uma força positiva para o país.

Uma das tendências do início do século 21 foi a chegada de trabalhadores vindos de novos países membros da União Europeia do Leste Europeu, em grandes números. O tema teve grande peso na campanha em favor da saída do Reino Unido da União Europeia, em 2016.

Cultura

O Reino Unido tem sido uma grande força global de cultura jovem desde o auge dos Beatles e dos Rolling Stones, além de outros grupos britânicos de rock, nos anos 1960.

O país tem um rico patrimônio literário, que inclui os trabalhos de escritores como os ingleses William Shakespeare e Charles Dickens, o escocês Robert Burns, o galês Dylan Thomas e o norte-irlandês Seamus Heaney - sem mencionar autores que produziram nas línguas gaélica e galesa.

O teatro britânico é reconhecido como um dos mais importantes do mundo, não apenas em suas obras como também na movimentada cena da capital, Londres, concentrada no bairro central de West End. A indústria cinematográfica do país também é uma das mais importantes do mundo, gerando produções, diretores e atores e atrizes de grande sucesso em Hollywood.

FATOS

LÍDERES

Chefe de Estado: Rei Charles 3º

A rainha Elizabeth 2ª, falecida em setembro de 2022, e seu filho Charles 3º, que a sucedeu
A rainha Elizabeth 2ª, falecida em setembro de 2022, e seu filho Charles 3º, que a sucedeu
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Sua majestade o rei Charles 3º ascendeu ao trono do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte em 2022, após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª que tinha sucedido seu pai, o rei George 6º em 1952 Em setembro de 2015, a rainha tinha se tornado o monarca mais longevo da Grã-Bretanha, ultrapassando o recorde estabelecido por sua trisavó, a rainha Victoria. O rei britânico também é chefe de Estado de 16 países independentes, incluindo o Canadá e a Austrália. Como monarca constitucional, seu papel no processo legislativo é amplamente cerimonial.

Primeiro-ministro: Rishi Sunak

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Rishi Sunak é o primeiro premiê de origem asiática do Reino Unido. Ele se tornou líder do Partido Conservador, de maioria no Parlamento, aos 42 anos e sucedeu Liz Truss, que renunciou após sete tumultuadas semanas no cargo. Seus maiores desafios são a recuperação da economia britânica, abalada pela saída da União Europeia e os efeitso econômicos da pandemia de covid-19.

Foi durante a pandemia que Sunak ganhou popularidade. Como ministro da Economia de Boris Johnson, ele distribuiu generosas quantias do tesouro britânico para dar suporte às empresas e aos cidadãos durante os períodos de lockdown.

Os pais de Sunak vieram para o Reino Unido vindos do leste da África e ambos são de origem indiana. O pai era clínico geral e a mãe administrava uma farmácia. Sunak nasceu na cidade de Southampton no ano de 1980.

Ainda na infância e na adolescência, ele frequentou a prestigiada escola particular Winchester College. Depois, estudou filosofia, política e economia na Universidade de Oxford. De 2001 a 2004, Sunak foi analista do banco Goldman Sachs e, mais tarde, virou sócio de dois fundos de investimento. Em 2015, ele foi eleito parlamentar pela cidade de Richmond, no condado de Yorkshire.

Enquanto fazia um MBA na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, ele conheceu a futura esposa, Akshata Murty. Ela é filha de Narayana Murthy, um bilionário indiano que é cofundador da gigante de serviços de TI Infosys. Atualmente, o casal tem duas filhas.

Embora o casal nunca tenha divulgado seu patrimônio publicamente, estima-se que eles detenham uma fortuna conjunta de £730 milhões (cerca de R$ 4,5 bilhões) - três vezes mais que a riqueza estimada do rei Charles 3o. A riqueza do casal gerou escândalo após revelações de que Akshata é registrada como não-domiciliada no Reino Unido para efeitos de imposto de renda - permitindo ao casal pagar menos impostos, embora viva em uma mansão em Yorkshire.

MÍDIA

As primeiras transmissões de rádio da BBC começaram em 1922, e a empresa rapidamente passou a exercer um papel vital na vida nacional. O Serviço do Império - que pouco tempo depois passou a se chamar Serviço Mundial da BBC, do qual faz parte a BBC News Brasil - estabeleceu uma reputação de qualidade jornalística no mundo todo. A BBC é financiada por uma licença, que moradores do Reino Unido precisam pagar para poder ter TVs ou computadores com acesso à internet em casa.

A televisão comercial britânica começou em 1955, com o lançamento da ITV. A rádio comercial chegou nos anos 1970. Hoje em dia, centenas de estações de rádio e TV competem com a BBC pela atenção dos ouvintes e espectadores.

A imprensa britânica é desenvolvida e muito influente, mas a principal empresa na mídia eletrônica é a BBC
A imprensa britânica é desenvolvida e muito influente, mas a principal empresa na mídia eletrônica é a BBC
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Novas nacionais são líderes de audiência, e muitos espectadores britânicos acompanham os altos e baixos na vida na Praça Albert, no leste de Londres, onde se passa a história da novela EastEnders, da BBC. O mesmo interesse é gerado pela novela Coronation Street, da ITV, sobre a vida numa comunidade de classe trabalhadora no norte da Inglaterra. Programas de Reality TV também registram grande audiência.

As redes de TV terrestres, que antes eram dominantes no mercado, hoje enfrentam dura competição com emissores transmitidas via satélite e a cabo, que oferecem centenas de canais. Também competem no mercado a TV digital terrestre, ou DTT, e o rádio digital terrestre, ou DAB.

A imprensa e a mídia eletrônica são livres e podem cobrir todos os aspectos da vida britânica. A variedade de publicações reflete todo o tipo de opinião política. Nos últimos anos, a circulação de jornais impressos caiu significativamente, enquanto a leitura online disparou. A News Corp, empresa dona do jornal The Times por intermédio de sua subsidiária no Reino Unido, a News UK, iniciou um movimento de cobrança de conteúdo online, exigindo pagamento para o acesso a conteúdo jornalístico.

Regulação da imprensa

Em 2012, uma investigação comandada por um juiz recomendou um novo sistema de auto-regulação para a imprensa britânico, sustentado por uma nova legislação. O inquérito foi iniciado após um grande escândalo envolvendo o jornal The News of the World, do grupo News Corp, em que telefones de indivíduos foram alvos de escuta de jornalistas em busca de informações.

A classe política concordou em estabelecer um novo órgão de regulação com poderes para impor pesadas multas e forças jornais a publicarem correções. Em 2013, o sistema foi formalmente estabelecido, não com uma nova lei, mas sim com uma chamada Carta Real. A indústria, no entanto, rejeitou o plano da Carta, dizendo que daria a políticos poder em excesso. A maioria das publicações ficaram de fora do novo sistema.

Em 2020, havia 65 milhões de usuários de internet no Reino Unido (segundo a agência We Are Social), representando mais de 95% da população. O total de usuários de mídias sociais era de 45 milhões, ou quase 70% da população. O Facebook é a principal plataforma. A BBC é o destino mais popular no consumo de notícias online no Reino Unido.

RELAÇÕES COM O BRASIL

O Reino Unido teve importante influência histórica sobre o Brasil. Logo após a declaração de independência, feita em 1822, o governo britânico serviu de intermediário com o regime português para negociar o reconhecimento do Brasil como nação independente.

Em 1825, Portugal aceitou reconhecer a independência brasileira mediante o pagamento de 2 milhões de libras. Esse dinheiro, no entanto, foi emprestado ao Brasil pelo Reino Unido, com quem Portugal tinha uma grande dívida. Além de ser o primeiro credor de peso do Brasil, Londres também foi importante no processo de fim da escravidão em território brasileiro, ao elevar progressivamente a pressão sobre o governo imperial para que abolisse a prática.

Em meados do século 19, engenheiros ingleses receberam a missão de construir uma estrada de ferro entre Jundiaí e Santos, para escoar a produção paulista de café. A linha foi fundamental para o desenvolvimento do Estado e do Brasil. A empresa britânica São Paulo Railway Company administrou a linha férrea até meados do século 20, sendo estatizada em 1946.

Em 1968, a rainha Elizabeth II fez uma visita oficial ao Brasil, a primeira de um monarca britânico ao país. Em 2001, o primeiro-ministro Tony Blair tornou-se o primeiro chefe de governo britânico em visita oficial ao Brasil.

O comércio bilateral em 2019 foi de US$ 5,3 bilhões. No século 21, o governo britânico apoiou a ambição brasileira de obter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A partir do fim do século 20, o Reino Unido tornou-se um destino importante de brasileiros vivendo no exterior. Segundo estimativas, a comunidade brasileira no país é a maior da Europa, com cerca de 180 mil pessoas.

LINHA DO TEMPO

Importantes datas na história do Reino Unido:

Séculos 1 a 5 - A Inglaterra era parte do Império Romano.

Século 10 - Unificação dos reinos da Inglaterra sob um único rei.

1707 - Inglaterra e Escócia unem-se e formam o Reino da Grã-Bretanha.

1801 - O Reino Unido é formado com a união dos reinos da Grã-Bretanha e da Irlanda.

1815 - Papel do país na vitória sobre o regime francês de Napoleão Bonaparte faz com que o Reino Unido se estabeleça como uma potência imperial hegemônica.

1914 - Começo da Primeira Guerra Mundial. O Reino Unido entra no conflito contra a Alemanha.

1918 - A guerra termina em novembro, com um armistício. O total de britânicos mortos é de centenas de milhares.

1921 - O Reino Unido concorda com a fundação do Estado Livre Irlandês. A Irlanda do Norte, no entanto, continua como parte do Reino Unido.

1924 - Primeiro governo britânico liderado pelo Partido Trabalhista, sob o primeiro-ministro Ramsay MacDonald.

1939 - A Alemanha invade a Polônia. O Reino Unido declara guerra à Alemanha.

O premiê conservador Winston Churchill liderou o Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial
O premiê conservador Winston Churchill liderou o Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

1940 - O conservador Winston Churchill torna-se primeiro-ministro.

1944 - Tropas aliadas invadem a França, a partir da Grã-Bretanha, no chamado Dia D (6 de junho) e começam a abrir caminho na direção da Alemanha.

1945 - A Alemanha se rende. O líder trabalhista Clement Atlee é eleito primeiro-ministro, substituindo Winston Churchill. O novo governo trabalhista introduz o Estado de bem-estar social. O Reino Unido torna-se membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

1948 - Criado o NHS, ou Serviço Nacional de Saúde.

1949 - O Reino Unido torna-se um membro fundador da Otan, a aliança militar ocidental.

Anos 1960 - A descolonização de territórios controlados pelo Reino Unido se acelera.

1969-98 - Tropas britânicas intervêm para controlar confrontos na Irlanda do Norte e mantêm-se na província.

1973 - O Reino Unido entra na Comunidade Econômica Europeia.

1979 - A conservadora Margaret Thatcher assume o cargo de primeira-ministra e inicia processo de desregulação da economia.

1997 - Vitória trabalhista sob a liderança de Tony Blair põe fim a 18 anos de governos conservadores.

2003 - O Reino Unido participa da invasão e ocupação do Iraque, uma guerra polêmica que com o tempo enfraqueceria o governo do trabalhista.

2010 - Em meio a grave crise econômica, os conservadores voltam ao poder após 13 anos de governos trabalhistas.

2016 - Referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia dá vitória à saída, conhecida como Brexit.

2020 - O Reino Unido deixa a União Europeia, quatro anos depois que a proposta foi aprovado num referendo nacional.

2021 - O país foi duramente atingido pela epidemia da covid-19 registrando uma das maiores taxas de mortalidade entre os países desenvolvidos.

2022 - O primeiro-ministro Boris Johnson renuncia à liderança do Partido Conservador sendo sucedido por Liz Truss, a terceira mulher a govenar o país.

2022 - Em 8 de setembro falece a rainha Elizabeth 2ª sendo imediatamente sucedida pelo seu filho mais velho que se torna rei Charles 3º. Os médicos atribuem a morte da rainha à causas naturais em decorrência da idade avançada. Elizabeth morreu aos 96 anos no castelo de BalmoraL, Na Escócia. Ela foi a monarca a ocupar o trono britânico por mais tempo, tendo reinado por 70 anos.

2022 - Após um tumultuado governo marcado por medidas econômicas desastrosas, Liz Truss renuncia ao cargo de primeira-ministra. Rishi Sunak é escolhido líder do Partido Conservador - e portanto premiê britânico - em um curto processo de seleção.

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade