Reino Unido vai priorizar imigrantes qualificados e acabar com preferência para cidadãos da UE
O governo britânico iniciou a maior reformulação de política imigratória do país em décadas nesta quarta-feira, acabando com o tratamento especial para cidadãos da União Europeia e ao mesmo tempo prometendo dar tempo para o empresariado se adaptar aos planos pós-Brexit.
Em uma diretriz há muito aguardada sobre a forma como o Reino Unido pretende lidar com a imigração após sua saída da UE, o governo britânico disse que o sistema priorizará trabalhadores qualificados e tratará cidadãos de dentro e de fora da UE igualmente.
Os temores do impacto social e econômico de longo prazo da imigração ajudaram a impulsionar a escolha pela separação do bloco no referendo de 2016, mas a promessa da primeira-ministra britânica, Theresa May, de acabar com a livre circulação de cidadãos da UE deixou alguns líderes empresariais em dúvida sobre a possibilidade de contratar a mão de obra de que precisam.
A diretriz não determinou uma meta específica para a migração anual líquida, mas disse que reduzirá o número a "níveis sustentáveis, como delineado no manifesto do Partido Conservador". O compromisso do manifesto eleitoral de 2017 era diminuir a cifra anual para menos de 100 mil.
Os trabalhadores qualificados que entrarão no Reino Unido mediante o novo sistema terão que ser encaminhados por uma empresa e serão sujeitos a um teto salarial mínimo, cujo nível será determinado após uma consulta com o empresariado ao longo do próximo ano.
Não haverá um limite ao número de trabalhadores qualificados.
Também haverá um esquema temporário de transição para contratações, que permitirá que cidadãos da UE e trabalhadores de qualquer qualificação de outros países de "risco baixo" entrem em solo britânico sem uma oferta de emprego por até 12 meses de cada vez.
"Nossa nova rota para trabalhadores qualificados permitirá aos empregadores... acessarem o talento que necessitam", disse o ministro do Interior, Sajid Javid, no prefácio da diretriz.
"Mas entendemos que estas são as mudanças mais significativas no sistema de imigração em mais de 40 anos, e por isso os empregadores precisarão de tempo para se ajustar".
Javid disse que o esquema de contratação temporário "permitirá que os negócios tenham a mão de obra de que precisam e ajudará os empregadores a fazerem uma transição suave para o novo sistema de imigração".